Em entrevista para a rádio Salvador FM, na noite da última sexta-feira (11), a vereadora Ireuda Silva (Republicanos), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice da Comissão de Reparação, afirmou que ainda há muito trabalho a ser feito na luta contra o racismo. A vereadora apontou os quase 400 anos de opressão e escravização no Brasil, responsáveis por produzir todas as desigualdades que excluem e vitimam milhões de pessoas pretas.
“Temos 400 anos de opressão e 20 anos de luta intensa, de políticas de reparação. É algo muito difícil de desconstruir porque temos um oponente que é o racismo, que se opõe ao crescimento em uma sociedade e mantém a desigualdade. Quando abrimos a mídia, quantos pretas e pretos vemos? Nos consultórios, quantos médicos pretos? Quantas mulheres pretas têm ali? O racismo faz uma segregação entre nós mesmos. Sou medida pelo meu tom de pele, não pelo que eu trago. Então estamos muito aquém. O racismo é um pão nosso de cada dia, que nos ataca e adoece. Que nos faz inclusive odiar, porque você odeia alguém que te odeia. É recíproco”, afirma.
Ireuda também ressaltou a urgência da sociedade evoluir em termos de mentalidade e erradicar o racismo, que persiste como uma erva daninha. “É uma sociedade que não aprende, que não se desenvolve e crucifica seu povo por causa de um tom de pele. E onde temos mais racismo que nessa cidade majoritariamente negra? Se eu entrar numa loja, não sou bem tratada. Entendem que não posso comprar, por isso não mereço atenção. Inclusive, um daqueles que têm o mesmo tom de pele que você, numa oportunidade de trabalho que não quer perder, vai lá e te oprime”, declarou.