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Duas moções, uma de repúdio e outra de aplausos, foram apresentadas na Câmara Municipal de Salvador pelo vereador Sílvio Humberto (PSB), tendo como motivação o programa de trainee da empresa Magazine Luiza, exclusivo para candidatos negros. A iniciativa gerou polêmica em todo o país, despertando acusações de “racismo reverso”, o que é rebatido pelo autor das proposições e ativista do movimento negro.
“O racismo é um dos principais problemas sociais enfrentados ao longo dos séculos causando, diretamente, exclusão, desigualdade social e violência. Não é surpresa para ninguém que determinados grupos possuem mais facilidades no mercado de trabalho, e na sociedade em geral, em detrimento de outros. No caso em tela, a empresa Magazine Luiza, a qual tem maioria branca em seus quadros, optou por conduzir política afirmativa na contratação de pessoas negras com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais e combater o racismo estrutural e institucional que por décadas insiste em permear a sociedade brasileira”, justifica.
Escravidão
Na Moção Nº 71/2020 Sílvio Humberto protesta contra a Ação Civil Pública impetrada pela Defensoria Pública da União (DPU), na Justiça do Trabalho, cobrando R$10 milhões da rede de varejo “por racismo e danos morais coletivos”.Já na Moção Nº 72/2020 ele aplaude a iniciativa da Magazine Luiza por buscar “estabelecer equilíbrio e garantias para pessoas que, historicamente, encontra-se em grupos excluídos pela sociedade e possui um únicoobjetivo que nos é trazido em nossa Carta Magna: Que todos sejam iguais em oportunidades”.
Sílvio Humberto lembra que a escravidão, por décadas, deixou reflexos sociais que distanciam, excluem e anulam pessoas negras de oportunidades, deixando marcas que podem ser sentidas em todos os espaços.Portanto, argumenta ele parabenizando a empresa, “é de suma importância a criação de medidas voltadas à concretização deobjetivos e valores relativos à efetivação e à materialização do princípio da igualdade, sendo necessário que mais empresas se inspirem e venham a aderir a programas de inclusão de jovens negras e negros”.
O vereador classificou como absurda a ação assinada pelo defensor público Jovino Bento Júnior, segundo a qual o valor deveria ser pago como multa por danos morais coletivos, por considerar que o programa discrimina milhões de trabalhadores brancos e de outras etnias, inviabilizando o acesso ao mercadode trabalho.
O autor da ação afirma ainda que o processo seletivo é “marketing de lacração” para “ganho político”. Ao contrário, frisa Sílvio Humberto, o que a rede varejista fez foi implantar uma política afirmativa de redução das desigualdades raciais e sociais.
