Compreender a situação de Salvador para sugerir políticas públicas eficientes e afirmativas. Foi com esse intuito que o vereador Sílvio Humberto (PSB) realizou, na manhã desta segunda-feira (22), no auditório do Edifício Bahia Center, uma reunião com representantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros, e o gerente de planejamento, André Urpia, foram os responsáveis pela apresentação dos dados a assessores parlamentares da Câmara Municipal de Salvador e representantes da sociedade civil organizada.
“Você pode ser um negro gestor ou um gestor negro. Essa explanação do IBGE tem o papel de provocar o debate sobre os dados para que não fiquemos produzindo projeto de lei sem uma visão crítica. Temos que pensar políticas públicas com o recorte racial e capazes de reduzir a desigualdade em Salvador”, disse o vereador.
De acordo com Sílvio, é preciso que sejam criadas políticas afirmativas para negros, jovens e mulheres. “Você não pode pensar em projetos se não sabe onde se concentram os problemas. Se não entende que o problema não é de classe e, sim, de raça, você não compreende Salvador”, afirmou o parlamentar.
Dados
A supervisora do IBGE, Mariana Viveiros, destacou que Salvador é a capital mais negra do Brasil. “Por outro lado, percebemos desigualdades importantes entre brancos e pretos. Quando falamos em renda a desigualdade é gritante”, afirmou. A gestora apresentou dados do IBGE que apontam que entre os negros há menos pessoas de 15 a 17 anos estudando. Entre 18 e 24 anos, há nessa parcela da população uma maior defasagem. Quando deveriam estar cursando uma universidade, jovens negros ainda frequentam a escola.
“Ao analisarmos indicadores do ensino superior na capital vemos que 45% dos alunos são brancos e apenas 18,5% negros. É importante destacar que antes das políticas de reparação esses números eram piores”, pontuou Viveiros.
Na avaliação do mercado de trabalho, pela primeira vez desde 2012, a taxa de desocupados é menor do que a de brancos que apresentaram um nível de ocupação de 56,5% enquanto entre os negros foi de 60,4%. A taxa de desocupação registrada entre brancos foi de 17,6% e de 15,5% entre os pretos. “Isso reforça a nossa tese de que não há desvantagem quantitativa no mercado, mas qualitativa”, ressaltou Mariana Viveiros.
“Os números do censo mostram que todas essas desigualdades se interligam. Os dados mostram onde está o problema. Esperamos que esses números sejam úteis e ajudem os vereadores a legislar por um Salvador mais igual”, disse Mariana Viveiros.
“Uma saída econômica para Salvador é potencializar o turismo como já foi feito em cidades como Fortaleza. Não temos ainda de forma organizada a venda de cultura e arte. Esse é um dos pontos que podem ser explorados a fim de gerar renda para a população”, disse André Urpia.