Desconhecido, jovem, mas com um padrinho político que se tornou potência de votos em 2022. Foi assim que Lucas Pavanato superou o título de outsider segundo reportagem de João Vitor Revedilho, da IstoÉ Dinheiro, para se tornar o vereador mais votado na maior cidade da América Latina nas eleições de 2024.
Filiado ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem como financiador o deputado federal Nikolas Ferreira, o mais votado do país em 2022. Mesmo sendo de Minas Gerais, Ferreira resolveu asfaltar uma rodovia até São Paulo e conseguir um representante com as mesmas estratégias que o levaram à Câmara dos Deputados.
Pavanato seguiu bem as ideias de Nikolas. Para conseguir os 161,3 mil votos e, de quebra, um gabinete no Palácio Anchieta, o vereador eleito gastou cerca de R$ 6 por eleitor, sendo a maioria dos gastos para embalar as redes sociais com cortes provocando adversários, marca do padrinho político.
Podendo arrecadar cerca de R$ 4 milhões durante toda a campanha, Lucas Pavanato angariou pouco mais de R$ 1 milhão, sendo quase 90% do valor bancado pelo PL, partido do qual faz parte. Se limitou a gastar R$ 963,2 mil.
Na estratégia, as redes sociais foram as protagonistas. Mais de R$ 500 mil foram investidos apenas em impulsionamento de conteúdo. Os gastos mais caros não relacionados com a internet foram a contratação de um advogado (R$ 80 mil) e o aluguel do imóvel (R$ 56 mil), que concentrou o QG da campanha na Avenida Nove de Julho, um dos pontos mais caros da capital.
A mesma estratégia de rede social foi usada por Ana Carolina Oliveira (Podemos), que também garantiu sua vaga na Câmara. Com mais de 129 mil votos, a mãe da menina Isabella Nardoni, morta pelo pai e pela madrasta em 2008, focou no impulsionamento de conteúdo para pavimentar sua eleição.
Mesmo tendo arrecadado R$ 1,5 milhão de financiamento, gastou apenas R$ 410 mil nas eleições deste ano. Ela investiu cerca de R$ 150 mil para espalhar seus conteúdos nas redes sociais e chegou até a contratar uma assessoria de marketing, no valor de R$ 100 mil, para organizar as estratégias de publicação.
A tática usada pela dupla mais votada não difere dos outros três colocados que completam os cinco primeiros — todos em seus primeiros mandatos. Todos deram preferência para as redes sociais, mas nada que impedisse os investimentos nos tradicionais santinhos, banners e um novo modelo de publicidade que se alastrou pela cidade: os wind banners.
Sargento Nantes (PP), quarto colocado na lista entre os mais votados para a Câmara Municipal, gastou mais de R$ 40 mil apenas para impressão das “bandeirinhas” de campanha. No total, o parlamentar gastou R$ 326,6 mil durante toda a campanha, quase o total arrecadado.
Veja os valores gastos e os maiores investimentos entre os cinco mais votados
Lucas Pavanato — R$ 963,2 mil gastos na campanha
- Impulsionamento — R$ 450 mil
- Facebook (Impulsionamento) — R$ 91 mil
- Advogado — R$ 80 mil
Ana Carolina Oliveira — R$ 410,4 mil gastos na campanha
- Facebook (Impulsionamento) — R$ 150 mil
- Assessoria de Marketing — R$ 100 mil
Dr. Murilo Lima — R$ 1,1 milhão gastos na campanha
- Impressão de material de campanha — R$ 360 mil
- Facebook (Impulsionamento) — R$ 212 mil
Sargento Nantes — R$ 326,6 mil gastos na campanha
- Assessoria geral de campanha — R$ 113 mil
- Facebook (Impulsionamento) — R$ 79 mil
Amanda Paschoal — R$ 142 mil gastos na campanha
- Facebook (Impulsionamento) — R$ 34 mil
- Impressão de material de campanha — R$ 32 mil
Os reeleitos
O primeiro reeleito nas urnas aparece apenas em sexto lugar entre os mais votados. Rubinho Nunes (União Brasil) superou todas as polêmicas que movimentaram seu primeiro mandato de vereador, além do racha com Ricardo Nunes (MDB) em prol de Pablo Marçal (PRTB), e conseguiu mais de 100 mil votos.
Com R$ 2,2 milhões na mão para gastar e com seu tempo de TV cortado pelo União Brasil após o abandono de Nunes, Rubinho gastou mais da metade em impulsionamento de conteúdo. Foram R$ 1,1 milhão de investimento nas redes sociais, com vídeos mesclando desenhos estilo inteligência artificial e gravações em comunidades para exaltar a bandeira “anti-pancadão”.
Do outro lado do plenário da Câmara, Luna Zarattini (PT) também investiu forte nas redes sociais. Jovem vereadora que assumiu o cargo em 2023 — no lugar de Reis, eleito deputado estadual — Luna deixou a suplência e de depender da “dança das cadeiras” para se tornar a protagonista de votos do PT.
Pelo perfil de voto voltado ao público jovem, a vereadora resolveu apostar nos impulsionamentos para atingir principalmente o público do primeiro voto. Dos R$ 944 mil gastos durante toda a campanha, Luna destinou R$ 400 mil para o impulsionamento e outros R$ 85 mil para a definição de estratégia, o que resultaram em mais de 100 mil votos para a petista.
Veja os gastos entre os dois primeiros colocados entre os reeleitos
Rubinho Nunes — R$ 2,1 milhões gastos na campanha
- Facebook (Impulsionamento) — R$ 1,2 milhão
- Impressão de material de campanha — R$ 185 mil
Luna Zarattini — R$ 944,2 mil gastos na campanha
- Facebook (Impulsionamento) — R$ 400 mil
- Estratégia de conteúdo — R$ 85 mil