O Corpo de Investigações Penais, Científicas e Criminalísticas (CICPC) da Venezuela anunciou uma recompensa de US$ 100 mil (R$ 615 mil) por informações que levem à captura do opositor político Edmundo González. O cartaz foi publicado nas redes sociais na quinta-feira (2) e, em breve, será colocado em aeroportos e postos policiais.
González é acusado pelo Ministério Público de crimes como conspiração, usurpação de funções e forjamento de documentos. Ele foi denunciado após contestar a apuração do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e publicar atas eleitorais que confirmavam sua vitória sobre o presidente Nicolás Maduro nas eleições do ano passado.
O impasse no pleito intensificou a crise política na Venezuela, com protestos violentos e países cobrando o governo de transparência na apuração. Maduro, contudo, rejeitou os pedidos e levou o caso à Justiça. González chegou a ser intimado para prestar depoimento, mas não compareceu, o que resultou na emissão de um mandado de prisão.
Temendo a própria segurança, González, então, pediu o exílio como parte de um acordo negociado com o governo de Maduro. Ele embarcou para a Espanha em setembro, em um avião da Força Aérea Espanhola. De lá, o opositor prometeu voltar à Venezuela e assumir a Presidência do país em 10 de janeiro – dia da cerimônia de posse.
Países não reconhecem vitória de Maduro
Apesar da confirmação do CNE, muitos países não reconhecem a vitória de Maduro nas eleições presidenciais. Em dezembro, inclusive, os países do G7 – grupo dos países mais industrializados do mundo – emitiram uma declaração garantindo apoio a González, afirmando que o político venceu o pleito por maioria significativa dos votos.
As nações disseram que a escolha dos eleitores deve ser respeitada e pediram uma transição democrática e pacífica de liderança. “Continuaremos a apoiar os esforços das organizações regionais parceiros para facilitar uma transição democrática e pacífica liderada pela Venezuela que garantirá respeito pela vontade dos eleitores.”
A declaração não foi bem recebida pelo governo de Maduro, que classificou o pronunciamento como “absurdo”, dizendo que o grupo insiste em acreditar “ser o árbitro da democracia global”. A gestão disse ainda que a “atitude arrogante” do G7 não ficará sem resposta, o que pode abalar as relações entre a Venezuela e os países do grupo.