A Venezuela suspendeu nesta última segunda-feira (17) por 90 dias as operações da companhia aérea portuguesa TAP no país, após acusá-la de ter permitido que um familiar do líder opositor Juan Guaidó transportasse explosivos durante uma viagem, anunciou o ministro dos Transportes Hipólito Abreu.
“Devido às graves irregularidades cometidas no voo TP173 e em conformidade com os regulamentos nacionais da aviação civil, as operações da companhia aérea TAP em nosso território estão suspensas por 90 dias”, afirmou o ministro no Twitter.
Mais cedo, as autoridades aeronáuticas venezuelanas anunciaram que abriram um processo administrativo contra a TAP, que poderia resultar em multas, suspensões temporárias ou, dependendo de “como vão se desenvolver as investigações, (…) chegar a uma suspensão permanente” da operação no país.
O tio de Guaidó, Juan Márquez, foi preso no última terça-feira após acompanhá-lo em um viagem comercial em um voo da TAP, quando ele retornou de uma turnê internacional.
Márquez foi acusado por supostamente portar materiais explosivos escondidos em vários objetos.
O governo de Nicolás Maduro defende que a TAP escondeu o nome de Guaidó da sua lista de passageiros, registrando-o com uma identidade falsa.
“A companhia aérea TAP foi suspensa por 90 dias (…), sem prejuízo das multas e procedimentos administrativos que podem ser aplicáveis. A Venezuela é respeitada!”, disse a vice-presidente Delcy Rodríguez, ecoando o anúncio de Abreu, que também disse que a TAP teria violado as políticas de “fumigação” das aeronaves.
A defesa de Márquez como uma “encenação ordinária”.
Portugal, em comunicado do Ministério de Interiores, informou na última sexta-feira que abriu uma investigação “diante das declarações das autoridades venezuelanas sobre uma falha de segurança no voo (em direção a Caracas) procedente de Lisboa”.
“Essa empresa aérea violou as normas de segurança e isso se converte em um atentado contra a segurança de nosso país”, disse à imprensa o número dois do regime de Nicolás Maduro, Diosdado Cabello.
Referindo-se à acusação de falhas no registo de Guaidó, Cabello – presidente da Assembleia Constituinte oficial que na prática assumiu as funções do Parlamento – assegurou que a TAP “embarcou um passageiro clandestino” com “cumplicidade do governo português”, acrescentando que “a ordem de embarque” foi dada pelos Estados Unidos.
Desde 2013, A Venezuela vem sofrendo um êxodo em massa das companhias aéreas por dívidas estatais estimadas em US$ 3,8 bilhões, segundo a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA). A TAP é uma das poucas empresas aéreas estrangeiras que mantêm seus voos no país.