A comercialização antecipada de soja da safra 2022/23 do Brasil atingiu 18,6% da colheita estimada até esta sexta-feira, com um atraso na comparação com a média histórica para esta época, pelo fato de produtores estarem retraídos nos negócios, apontou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado.
Em igual período do ano passado, a comercialização antecipada da nova safra era de 25,6%, enquanto a média para o período é de 25,9%.
Na comparação com o início de agosto, a negociação avançou pouco. Até o dia 5 do mês passado, o número era de 17,3%.
“Como os preços futuros para 22/23 estão mais baixos, as margens estão mais apertadas, e o produtor não gosta disso, esse é o principal motivo do atraso”, explicou o analista da Safras, Luiz Fernando Roque.
“Tem um custo mais alto e um preço futuro mais baixo que o atual, isso faz com que o produtor se retraia”, completou.
O consultor também lembrou que o produtor, de maneira geral, está bem capitalizado, com exceção dos agricultores de Paraná e Rio Grande do Sul, onde houve forte quebra de safra na temporada passada.
“Os produtores que venderam bem a safra estão com menor necessidade de antecipar vendas, mas sempre lembrando que isso é um risco”, destacou, observando que os Estados Unidos caminham para colher uma grande safra em 2022, o Brasil está ampliando a área plantada, enquanto há perspectivas de boas colheitas na Argentina e Paraguai também.
O plantio no Brasil deve começar em meados deste mês.
Ele lembrou que, no início, a comercialização estava mais lenta pela dificuldade de produtores realizarem “barter”, a troca de insumos por safras futuras. “Isso já não tem mais, tem uma normalização de entregas de insumo, aquele risco de faltar insumo não se concretizou”.
De outro lado, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, disse no início da semana que o setor está cauteloso para fechar negócios futuros, por incertezas relacionadas a preços da matéria-prima e margens para processamento, que possivelmente não seriam tão boas quanto foram no início de 2022.
Safra velha
A comercialização da safra velha (2021/22) de soja do país atingiu 82,6% da produção projetada, ante 79,9% no relatório de agosto.
Em igual período de 2021, a negociação da colheita realizada no primeiro semestre envolvia 85,9% e a média de cinco anos para o período é de 87,8%.
Segundo o analista, o produtor está apostando em preços firmes para a safra velha, por conta de prêmios sustentados, após a quebra de safra de soja no Brasil. “Faz um pouco mais sentindo segurar para 2022 do que para 2023”.