Presidente prestigiou transmissões de cargos dos novos comandantes das Forças Armadas. Agenda oficial mostra que filhos de Bolsonaro foram ao gabinete presidencial nove vezes.
No primeiro mês como presidente da República, Jair Bolsonaro ocupou a maior parte da agenda oficial participando de cerimônias militares, audiências com ministros e recebendo no Palácio do Planalto três filhos que atuam na política. Nesta sexta-feira (1º), faz um mês que Bolsonaro assumiu o comando do Palácio do Planalto.
Conforme publicou o G1, as primeiras semanas da gestão Bolsonaro ficaram marcadas pela presença cativa do presidente do República em solenidades e confraternizações das Forças Armadas. Capitão reformado do Exército, ele compareceu a sete eventos do círculo militar no primeiro mês de governo.
Embora não seja trivial presidentes da República prestigiarem cerimônias de transmissão de cargo, Bolsonaro compareceu à passagem de comando do Ministério da Defesa e dos chefes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha.
Da área política do governo, ele só prestigiou a transmissão dos quatros ministros com assento no Palácio do Planalto: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). Os quatro ministros receberam os cargos em uma mesma cerimônia em 2 de janeiro.
No dia 10, o presidente e a primeira-dama Michele Bolsonaro se encontraram com o alto comando das Forças Armadas no jantar em homenagem ao agora ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas.
No dia seguinte à confraternização do Clube do Exército, Villas Bôas – que tem uma doença degenerativa – se despediu da caserna e passou o comando da corporação ao general Edson Leal Pujol.
Bolsonaro participou ainda de um almoço em homenagem ao então comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, e de um jantar de despedida do comando da Aeronáutica do brigadeiro Nivaldo Rossato.
A agenda presidencial registrou que, no total, Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro foram nove vezes ao gabinete da Presidência no mês de estreia do pai deles como presidente da República.
Deputado federal reeleito, Eduardo (PSL-SP) e o irmão mais velho, o deputado estadual e senador eleito Flávio (PSL-RJ), estiveram reunidos com o pai no terceiro andar do Planalto, onde fica o gabinete de Jair Bolsonaro, em quatro ocasiões em janeiro.
Há registro de duas agendas do presidente com Eduardo Bolsonaro em 18 de janeiro. Em uma das audiências, o deputado federal acompanhou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Já Flávio Bolsonaro esteve no Palácio do Planalto em duas agendas, ambas em 3 de janeiro. Conforme os registros, ele se encontrou sozinho com o presidente.
O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSL) foi quem mais esteve no Planalto dos três filhos do presidente que atuam na política. Ele foi ao gabinete do pai em cinco ocasiões, sozinho ou acompanhado de outras autoridades.
Carlos participou até mesmo de audiências sem ligação com a atividade de vereador, como o encontro de Jair Bolsonaro com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo.
Além dos filhos políticos, o presidente da República abriu as portas do gabinete no primeiro mês de governo para outros parlamentares. Estiveram com Bolsonaro no terceiro andar do Planalto os senadores Davi Alcolumbre (DEM-AP), Fernando Collor (PTC-AL) e Rose de Freitas (Pode-ES).
Da Câmara, o presidente recebeu em janeiro nove deputados ou futuros parlamentares, com destaque para o deputado eleito Major Vitor Hugo (PSL-GO), que, apesar de novato no parlamento, foi anunciado para o prestigiado e concorrido posto de líder do governo na Casa.
No primeiro mês de gestão, o presidente esteve com 17 autoridades internacionais, segundo a agenda oficial. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, foi o primeiro deles. Bolsonaro esteve com o enviado de Donald Trump no dia 2 de janeiro, um dia após tomar posse.
Na oportunidade, Bolsonaro comunicou ao americano a intenção de revogar a adesão do Brasil ao pacto global de migrações.
Bolsonaro ainda esteve com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.
Crítico contundente do regime bolivariano, o presidente brasileiro elevou o tom contra o governo da Venezuela tão logo assumiu o comando do Planalto. Além de não ter convidado o para a posse, o Itamaraty ainda divulgou uma nota na qual afirmou que a gestão do presidente venezuelano Nicolás Maduro é baseado no tráfico de drogas, de pessoas e no terrorismo.
Em 17 de janeiro, Bolsonaro recebeu o presidente Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela no exílio, Miguel Ángel Martín. O tribunal é formado por juízes nomeados para a Suprema Corte venezuelana, mas que não foram reconhecidos pelo governo Maduro.
Seis dias depois, Jair Bolsonaro foi um dos primeiros chefes de Estado a reconhecer o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente interino do país. Guaidó é o atual líder da oposição venezuelana.
Em sua estreia no cenário internacional, o presidente brasileiro viajou para Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial. No encontro anual dos mais ricos, poderosos e famosos do planeta, Bolsonaro discursou e teve encontros bilaterais com nove autoridades, com destaque para o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Ao longo de janeiro, passaram pelo gabinete do presidente titulares de 18 das 22 pastas do primeiro escalão.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi quem mais esteve no gabinete presidencial nos primeiros 30 dias de governo. Ele despachou com o presidente em 25 oportunidades.
Jair Bolsonaro comandou no primeiro mês de gestão três das quatro reuniões do “Conselho de Governo”, colegiado criado pelo novo governo que é formado pelo próprio presidente, pelo vice-presidente Hamilton Mourão e pelos ministros de Estado. O conselho se reúne todas as terças-feiras. Em janeiro, só não houve reunião na semana em que o presidente viajou para Davos.
Veja as principais decisões do Conselho de Governo no primeiro mês de atividades:
3 de janeiro
- determinação para revisar de nomeações e exonerações dos últimos 30 dias de 2018
- “pente-fino” nos conselhos ligados ao Executivo
- revisão dos contratos de locação da União
8 de janeiro
- discussão do decreto que flexibilizou a posse de armas
- medidas para desburocratizar o serviço público
- metas para os primeiros 100 dias de governo
- “indústria de multas ambientais”
15 de janeiro
- discussão de ações dos primeiros meses de governo
- após o encontro, Bolsonaro assinou o decreto que flexibilizou a posse de armas, considerado uma promessa de campanha do presidente
29 de janeiro
- com a cirurgia de Bolsonaro, Mourão ficou no exercício da Presidência e comandou a reunião. Após tragédia em Brumadinho, governo priorizou a fiscalização de 3,3 mil barragens classificadas com dano potencial associado alto ou risco alto