Johnson & Johnson, Magazine Luiza, Mastercard e Meireles e Freitas Serviços de Cobrança são algumas das melhores empresas para as mulheres trabalharem no Brasil. Essa é a conclusão da terceira edição do GPTW Mulher, uma iniciativa da consultoria GPTW (Great Place to Work).
Entre as 444 empresas inscritas no GPTW Mulher, 55 foram premiadas. O segmento reconhece as companhias com melhores práticas para garantir o avanço das mulheres ao longo de suas carreiras, e que incentivam a liderança feminina. No ano passado, 40 empresas foram homenageadas.
A premiação, que aconteceu na quarta-feira (5) em São Paulo, teve como tema “10% não é metade”. Segundo Mariana Tolovi, membro do conselho do GPTW, trata-se de um convite à reflexão sobre a participação das mulheres entre os CEOs das companhias, que ainda é de apenas 10% – levando em consideração os dados coletados entre as quase 3 mil empresas avaliadas pelo GPTW.
“Temos muitas mulheres no ambiente de trabalho, mas precisamos avaliar como elas estão progredindo na carreira. As profissionais estão muito bem na média liderança, mas na alta liderança a participação delas caiu no último ano”, afirma Mariana Tolovi. Na média gestão das empresas, o avanço da participação feminina tem sido mais rápido. Entre 1997 e 2018, aumentou de 18% para 45%.
“Não adianta ser só um bom lugar para se trabalhar, o que já é um desafio. É preciso ser um bom lugar para trabalhar para todo mundo, incluindo as mulheres”, afirma Mariana.
Onde estão as CEOs?
Nas empresas premiadas, as mulheres compõem, em média, 56% do quadro de funcionários, ocupam 45% dos cargos de média liderança e 26% na alta liderança. Mas apenas em 9 das 55 empresas premiadas a posição de CEO é ocupada por uma mulher. Entre as companhias inscritas no GPTW Mulher, o faturamento cresceu, em média, 12,2% no último ano, comparado com uma média de 2,4% entre as empresas da lista geral do GPTW.
Durante o evento, Maíra Saruê Machado, diretora de pesquisa do Instituto Locomotiva, ressaltou o quanto o trabalho doméstico ainda recai mais sobre as mulheres, mesmo que elas ocupem cada vez mais espaço no mercado de trabalho formal. A equidade de gênero, segundo ela, é um tema econômico. “Desigualdade e de gênero traz prejuízos às empresas”, diz Maíra.
Nas últimas duas décadas, 8,4 milhões de brasileiras entraram no mercado de trabalho. As mulheres movimentam R$ 1,7 trilhão por ano. Segundo dados do Instituto Locomotiva, uma equiparação de salários entre homens e mulheres no Brasil colocaria R$ 484 bilhões na economia por ano.
Alexandra Loras, ex-consulesa da França em São Paulo, também falou sobre como a diversidade afeta os resultados das empresas . “Com mais negros e mais mulheres nas equipes, as empresas criam produtos mais adequados à população brasileira”, afirma.
Segundo Alexandra, é preciso criar políticas internas que contribuam para aumentar a equidade e contornar os vieses inconscientes nas companhias. “Se você tem problema com a palavra cota, pode usar a palavra meta, que é mais doce. Sem meta, vai sempre aparecer um homem que parece, pelo seu viés inconsciente, mais preparado para preencher a vaga”, diz.
Para participar da lista GPTW Mulher, é preciso ter no mínimo 100 funcionários no Brasil, sendo 15% de mulheres no quadro geral e 15% nos cargos de gestão. Na avaliação, a consultoria leva em conta fatores como ambiente de trabalho, promoções, participação na tomada de decisões e até rotatividade voluntária.