Cacique do MDB desistiu da eleição no Senado após muita confusão envolvendo a votação; Davi Alcolumbre, candidato do governo, comandará a Casa
O novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é “criação” do ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni. Uma candidatura pensada para impedir a volta de Renan Calheiros (MDB-AL) ao cargo.
O ministro concedeu entrevista para Andreia Sadi, no portal G1, e falou sobre a polêmica eleição, ocorrida no último sábado (2). Disse que a vitória do “afilhado” significa que a “nova política” chagou à Casa.
“A derrota dele [Renan] vai fazer bem para o país, ele estava junto ao PT há quanto tempo? Pois bem. O Senado se reencontrou com as ruas”, avaliou.
Ele também afirmou que Alcolumbre foi eleito sem a interferência da máquina do governo. “Ganhamos na política. Se Renan tivesse ganhado, ia ser com o PT. Ele não esperava o Davi como candidato, o homem certo na hora certa. Davi tem essa habilidade com os colegas, uma espécie de ‘Jair Bolsonaro do Senado’. Ele é um craque das relações, não tem ninguém que não goste dele. Aí, um dia o Davi ganhou do Golias”, disse, referindo ao cacique do MDB.
Ainda em relação a Renan, destacou que não teme uma suposta vingança do adversário, durante as votações na Casa. “Vamos para o enfrentamento, isso é democracia”, pontuou.
Lorenzoni ainda revelou que, muitas vezes, Calheiros o chamou para a briga, mas que ele, como ministro, recusou o embate. “Se eu fosse deputado, eu já tinha ido”, completou.
Questionado sobre a concentração de poder nas mãos do DEM, já que agora o partido tem a Câmara, com Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o Senado, com Alcolumbre, o ministro justificou. “No caso do Rodrigo Maia, foi maior do que o DEM. Tanto que ele ganhou com votos de esquerda, ele é muito articulado e respeita muitas divergências. Então, tem essa qualidade de conseguir votos de diferentes áreas. Sobre o resto: o MDB comandou o Senado por duas décadas e ninguém falou nada”.