O presidente Jair Bolsonaro saiu nesta sexta-feira (10) às ruas do Distrito Federal pelo segundo dia consecutivo para ir a uma drogaria logo depois de ter deixado o Hospital das Forças Armadas. Questionado sobre o que teria ido fazer no hospital, ironizou dizendo “fui tomar sorvete” e “fui fazer teste de gravidez”. O compromisso não estava na agenda oficial.
Em seguida, foi à casa do filho Jair Renan, que faz aniversário nesta sexta-feira. Questionado sobre a saída às ruas pelo segundo dia consecutivo, em meio à pandemia do coronavírus, respondeu: “Tenho direito constitucional de ir e vir. Ninguém vai tolher esse meu direito”. No trajeto, conforme a revista Veja, voltou a ser alvo de protestos de alguns moradores, inclusive com panelaços – também recebeu apoios. Na quinta-feira 9, seu passeio pela Ceilândia já havia rendido vaias e gritos de “fora, Bolsonaro” e “vai para casa”, o que acendeu uma luz amarela na estratégia do presidente de confrontar uma recomendação básica das autoridades de saúde, inclusive do seu ministério, no combate à Covid-19: evitar aglomerações.
O Distrito Federal é o sétimo estado com mais ocorrências, em números absolutos, de coronavírus – são 527 casos e treze mortes até quinta-feira 9.
Já é a quarta vez que o presidente sai às ruas de forma ostensiva durante a pandemia, mas só nessas duas últimas ele foi hostilizado. Na primeira ocasião, no dia 15 de março, ele se cercou apenas de simpatizantes ao cumprimentar e tirar selfies com participantes de uma manifestação em seu apoio. Na segunda vez, no dia 29 de março, ele circulou pelas ruas de Taquatinga e Ceilândia, onde cumprimentou ambulantes e apoiadores.
Bolsonaro tem usado essas saídas para defender uma de suas principais bandeiras durante a pandemia: a de que o isolamento social deve ser flexibilizado e que a maioria das pessoas deve voltar a trabalhar para não quebrar a economia do país. O isolamento, no entanto, é uma prática defendida por autoridades de todo o mundo, inclusive a Organização Mundial da Saúde (OMS), e implantada na maioria dos países, com o aval de seus governantes,
Com 941 mortes pela Covid-19 já registradas no país e 17.857 casos confirmados, têm crescido os alertas de autoridades de saúde para as consequências desastrosas de um eventual relaxamento na quarentena. Com a saúde cada vez mais em risco, a população pode começar a não ter mais a mesma paciência com as saídas afrontosas do seu presidente pelas ruas.