As vacinas atualizadas contra covid-19 estão chegando aos EUA, bem a tempo de serem combinadas com as vacinas contra a gripe. Além disso, as primeiras vacinas para outro vírus preocupante chamado VSR estão sendo distribuídas no país para pessoas idosas e mulheres grávidas.
Os médicos americanos esperam que a cobertura vacinal seja suficiente para ajudar a evitar outra “tridemia” como a do ano passado, quando os hospitais ficaram superlotados com uma temporada antecipada de gripe, um ataque de VSR, ou vírus sincicial respiratório, e mais um surto de coronavírus.
As internações por covid-19 vêm aumentando constantemente nos Estados Unidos desde o meio do ano, embora nem de perto nos níveis dessa mesma época no ano passado, e o VSR já está crescendo em partes do Sudeste do país.
A aprovação das vacinas atualizadas contra covid-19 deve acontecer nos próximos dias. Elas fazem parte do arsenal que, segundo a nova diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), ajudarão a colocar o país na “posição mais forte até agora” para evitar outra temporada caótica de doenças respiratórias.
“Haverá muitos vírus este inverno. É por isso que queremos nos antecipar”, diz Mandy Cohen, diretora do CDC.
Segue uma explicação sobre essas vacinas:
POR QUE MAIS VACINAS CONTRA COVID-19?
O coronavírus está em constante evolução e não vai desaparecer. Da mesma forma que as vacinas contra a gripe são atualizadas todo ano, a FDA (Food and Drug Administration), agência americana responsável pela aprovação de medicamentos e vacinas, deu aos fabricantes de vacinas uma nova receita para este ano.
As vacinas atualizadas têm um único alvo, uma descendente da variante ômicron chamada XBB.1.5. É uma grande mudança. As vacinas contra covid-19 oferecidas desde o ano passado são uma combinação de vacinas contra o coronavírus original e uma versão muito anterior da ômicron, o que as deixou muito desatualizadas.
As fabricantes Pfizer, Moderna e Novavax produziram novos suprimentos.
A FDA decidirá em breve se cada uma das empresas atendeu aos padrões de segurança, eficácia e qualidade. Depois disso, o CDC precisa autorizar o início da vacinação. Um painel consultivo do CDC se reuniu na terça-feira para elaborar recomendações sobre a melhor forma de usar as novas vacinas.
No começo do mês, órgãos reguladores europeus autorizaram o uso da vacina atualizada da Pfizer este ano, para adultos e crianças a partir de 6 meses.
ELAS TERÃO EFICÁCIA SUFICIENTE?
As autoridades de saúde estão otimistas, exceto se houver uma nova mutação.
Como esperado, a XBB.1.5 reduziu sua incidência ao longo dos meses necessários ao ajuste da vacina. Atualmente, há um caldo de diferentes variantes do coronavírus causando a doença, e as mais comuns são parentes bastante próximas. Testes recentes dos fabricantes de vacinas e de outros grupos de pesquisa indicam que as vacinas atualizadas oferecerão proteção cruzada.
Vacinas ou infecções anteriores continuaram a ajudar na prevenção de formas graves da doença e mortes, mas a proteção diminui com o tempo, especialmente contra as infecções mais brandas, à medida que o vírus continua a evoluir. Embora a FDA tenha autorizado, no primeiro semestre, uma dose de reforço para idosos e outras pessoas em alto risco, a maioria dos americanos não se vacina há cerca de um ano.
“O melhor que as pessoas podem fazer para manter uma vida normal é continuar a tomar suas doses de reforço”, diz David Montefiori, especialista em vacinas na Universidade Duke.
QUEM TAMBÉM PRECISA DA VACINA CONTRA GRIPE?
O CDC recomenda uma dose anual de vacina contra a gripe para praticamente todas as pessoas a partir dos 6 meses de idade. O melhor momento para tomá-la, no hemisfério norte, é o final de outubro.
Assim como a covid-19, a gripe pode ser especialmente perigosa para alguns grupos, como os muitos jovens, os idosos, e as pessoas com sistemas imunológicos frágeis e doenças cardíacas ou pulmonares.
Existem muitos tipos de vacina contra a gripe, incluindo uma versão em spray nasal para certos grupos de pessoas mais jovens. E, o mais importante, há três vacinas especificamente recomendadas como alternativas para idosos, porque comprovadamente mostraram resultados melhores em estimular o sistema imunológico de adultos mais velhos.
POSSO TOMAR A VACINA CONTRA A GRIPE E A VACINA CONTRA covid-19 AO MESMO TEMPO?
Sim.
O CDC afirma que não há diferença de eficácia ou efeitos colaterais caso as pessoas tomem as vacinas simultaneamente, embora possa ser mais confortável tomar uma em cada braço.
O QUE É A NOVA VACINA CONTRA VSR?
O VSR é um incômodo semelhante ao resfriado para a maioria das pessoas, e não é tão bem conhecido quanto a gripe. Todo inverno, porém, o VSR lota os hospitais, e pode ser letal para crianças abaixo de 5 anos, idosos, e pessoas com certos problemas de saúde de alto risco. Mais conhecido por inflamar as minúsculas vias respiratórias dos bebês e deixá-los chiando, também é uma causa comum de pneumonia em idosos.
As vacinas da GSK e da Pfizer contra VSR foram aprovadas para adultos acima de 60 anos. O CDC está aconselhando os idosos a perguntarem a seus médicos se devem tomar a dose única.
A FDA também aprovou a vacina VSR da Pfizer para aplicação no final da gravidez, para que a proteção seja passada das futuras mães para os recém-nascidos. As recomendações do CDC sobre esse uso devem ser emitidas ainda este mês.
O que ainda vem pela frente: orientação sobre aplicar as vacinas contra VSR juntamente com as vacinas contra gripe e covid-19.
E OS BEBÊS E O VSR?
As famílias ainda podem ouvir falar de mais um imunizante este ano: uma injeção de anticorpos produzidos em laboratório para proteger os bebês do VSR.
Ele é diferente de uma vacina, que ensina o corpo a produzir os próprios anticorpos para combater as infecções, mas protege da mesma forma.
A FDA aprovou recentemente o Beyfortus, das fabricantes Sanofi e AstraZeneca. O medicamento de dose única é recomendado para todos os bebês abaixo de 8 meses, antes de sua primeira temporada de VSR.
(O Departamento de Saúde e Ciência da The Associated Press recebe apoio do Grupo de Mídia Científica e Educacional do Instituto Médico Howard Hughes.