“Já sabemos que aparecerão outras variantes e, o vírus será endêmico. O tempo de duração da imunização será inferior a um ano, e, portanto, a vacinação periódica será necessária”
A vacinação contra a Covid-19 deverá virar uma rotina anual, como a da gripe comum, para os brasileiros. Essa é a avaliação que Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, fez em entrevista à Veja, na segunda-feira (8).
“Já sabemos que aparecerão outras variantes e, na minha opinião, o vírus será endêmico. Tudo indica que o tempo de duração da imunização será inferior a um ano, e, portanto, a vacinação periódica será necessária”, disse.
Até o final de março, 77% das vacinas disponíveis no Brasil serão entregues pelo Instituto Butantan. São as CoronaVac, imunizante desenvolvido pelo Instituto em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, chamadas por Jair Bolsonaro (sem partido) de “vacina chinesa do Doria”.
O peso do Butantan na oferta nacional de vacinas seria menor caso não fosse o fracasso do governo federal na importação de 8 milhões de doses de vacinas do laboratório Serum, da Índia, e a frustração da entrega de pelo menos 11,2 milhões de vacinas pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Ao ser questionado como o Butantan tem se organizado para suprir a falta de vacinas no país, Dimas Covas afirmou que o Instituto está trabalhando “no máximo da capacidade de produção” e “reprogramando a produção de outras vacinas para dar prioridade a CoronaVac.
“Já fizemos um primeiro esforço e, com isso, nos planejamos para entregar 22 milhões de doses no final de março, quando a previsão inicial era de pouco menos de 18 milhões. A previsão inicial de entrega foi feita dentro de um contexto que haveria outras vacinas dentro da programação do Ministério da Saúde, mas essa previsão não se confirmou. A nossa vacina é a única, atualmente, usada em grande volume no país”.
O Instituto previa entregar 15 milhões de doses em março. No entanto, devido a uma falha na linha de produção e teste de vacinas, prevê entregar apenas 3,8 milhões de doses no mesmo período.
Produção em larga escala
Já a Fiocruz anunciou nesta segunda-feira (8) o início da produção em larga escala, em solo brasileiro, da vacina de Oxford/AstraZeneca. O imunizante fabricado com insumos importados (IFAs) da China passou nos testes de estabilidade e de consistência. Com isso, devem ser entregues 3,8 milhões de doses ao Ministério da Saúde até o fim de março.
Estudos preliminares mostraram que tanto a CoronaVac, vacina contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac, quanto a vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca em parceira com a Universidade de Oxford mostraram ser eficazes contra a variante de Manaus do coronavírus.
O Brasil tem vacinas contra o coronavírus para imunizar apenas 65% de sua população, considerando apenas as doses com contrato assinado pelo Ministério da Saúde. A pasta divulgou o recebimento de 275 milhões de imunizantes, incluindo as já entregues e aplicadas. Outros 140 milhões viriam pelas “compras futuras” com AstraZeneca e Sinovac, e mais 161 milhões são as doses ainda “em tratativas”.