A notícia da concessão do título póstumo de doutor honoris causa, pela Universidade de São Paulo (USP), ao abolicionista baiano Luiz Gama, foi recebida conforme o jornal A Tarde com entusiasmo em Salvador, especialmente pelos ativistas da luta por equidade no tratamento dedicado às etnias.
A iniciativa do estabelecimento de pesquisa e ensino paulista, entre os de melhor desempenho no país, visa corrigir a injustiça registrada em 1850, quando Luiz Gama foi impedido de estudar Direito por causa do racismo de classe já então predominante.
Ele tentou, sem sucesso, ser aceito no curso da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas não desistiu, passou a frequentar a biblioteca e assistir às aulas como ouvinte até tornar-se um rábula.
Foi nesta condição de advogado praticante sem titulação acadêmica que Luiz Gama livrou do cativeiro pelo menos 500 mulheres e homens escravizados ilegalmente, enfrentando assim o baiano a ira da aristocracia rural escravocrata.
Em Salvador, os moradores da rua Luiz Gama, no bairro da Capelinha de São Caetano, participam anualmente, a cada 21 de junho, data de nascimento do baiano, de concurso de fotos nas quais aparecem ao lado da placa do logradouro com o nome do heroi.
Nem todo soteropolitano sabe ser o conhecido Largo do Tanque oficialmente nomeado Largo Luiz Gama, onde há um busto em sua homenagem, tendo sido corrigida recentemente a data de seu nascimento, antes registrando 2 de junho, em vez de 21, como é o correto.
Em São Paulo, Luiz Gama também tem um monumento, no Largo do Arouche, em reconhecimento por sua dedicação à causa humanitária da libertação dos escravos, tendo sido também jornalista corajoso, editor do periódico de campanha Radical Paulistano.