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sábado 9 de novembro de 2024 às 08:23h

União Europeia prioriza reforma econômica após vitória de Donald Trump

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Resultado das eleições nos EUA motiva líderes europeus a avançarem medidas para aumentar competitividade do bloco. Cúpula da UE na Hungria termina com promessa de reforçar defesa e combater alta nos custos de energia. Os líderes da União Europeia (UE) prometeram dar novo impulso à economia e à competitividade do bloco europeu, ao término da cúpula que reuniu os chefes de governo dos 27 Estados-membros do bloco na Hungria.

A cúpula em Budapeste foi organizada pelo governo do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que ocupa a Presidência rotativa Conselho da UE.

O ultradireitista, um dos principais aliados do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a afirmar em coletiva de imprensa que acreditava que o objetivo comum dos líderes reunidos em Budapeste era “tornar a Europa grande novamente”, tomando emprestado o slogan de campanha de seu colega americano.

De fato, o espectro da futura presidência de Trump pairou sobre a cúpula, onde os líderes discutiram como o bloco deverá se posicionar politicamente em relação ao próximo governo em Washington, e como a economia europeia pode competir com os EUA.

Orban disse que as medidas estabelecidas na declaração de Budapeste, elaborada ao final da cúpula, incluíam ações urgentes para reduzir os altos preços da energia em todo o bloco.

Apoio à Ucrânia

O húngaro disse aos colegas europeus nesta sexta-feira (8) que a reeleição de Trump mudará o jogo em relação à guerra na Ucrânia e pediu à UE que “passe da guerra para a paz”.

Não está claro até o momento quais mudanças Washington poderá impor no que diz respeito ao apoio americano à Ucrânia que teriam potencial para mudar o curso da guerra, seja em prol de Kiev ou de Moscou.

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, emitiram uma declaração conjunta em Budapeste reafirmando sua “determinação em fornecer apoio inabalável à Ucrânia e ao povo ucraniano”. Eles reiteraram sua determinação em repelir a agressão da Rússia.

UE “preparada” para lidar com EUA

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz – cujo governo corre sério risco de não durar até o final do ano em razão da crise gerada pelo rompimento com uma das siglas da coalizão governista – reafirmou sua disposição de trabalhar com Trump.

Ele, porém, enfatizou que a Europa também deve cuidar de sua própria defesa. “Devemos trabalhar juntos como União Europeia, como europeus, para fazer o que for necessário para nossa própria segurança”, disse. “Seremos bem-sucedidos se todos fizerem sua parte”, acrescentou.

Scholz avalia que a UE está preparada para enfrentar potenciais tarifas impostas por Trump e seus efeitos na economia do bloco. “Não acho que devemos especular muito sobre essa questão com os EUA. A UE tem competência para fazer o que for necessário. Mas, todos nós devemos claramente buscar negociações”, afirmou.

Reformas econômicas

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nesta sexta-feira que o bloco precisa se apressar para implementar um pacote de reformas econômicas, o que se torna ainda mais urgente após a reeleição de Trump.

As autoridades europeias estão em alerta sobre possíveis implicações para a economia da UE se o republicano cumprir suas ameaças e aplicar tarifas mais altas.

Os líderes da UE prometeram adotar as mudanças recomendadas em um relatório apresentado pelo ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi. O italiano foi encarregado no ano passado de preparar o relatório econômico que Von der Leyen deverá usar para orientar seus próximos cinco anos no cargo.

Nesta sexta-feira, Draghi discutiu o relatório com líderes da UE pela primeira vez desde sua publicação, em setembro. Bruxelas espera que as conversas em Budapeste levem eventualmente a medidas concretas para reformar a economia.

“As recomendações neste relatório já são urgentes, dada a situação econômica em que estamos hoje. Elas se tornaram ainda mais urgentes após as eleições nos EUA”, disse Draghi.

Correndo atrás dos EUA

O documento alerta sobre o fracasso da Europa em acompanhar os Estados Unidos, destacando a baixa produtividade e a desaceleração econômica da UE. “O que aumentou foi a urgência em cumprir os tópicos que estão neste relatório”, disse Von der Leyen, prometendo avançar na implementação das reformas necessárias.

“Draghi fez um apelo claro para um renascimento europeu. A Europa precisa de modernização fundamental para permanecer competitiva”, disse Scholz.

Mas, com a Alemanha atolada em uma turbulência política, os interesses nacionais divergentes e os desacordos sobre como enfrentar os desafios, não há garantias de que a UE será capaz de se mexer.

Draghi, inclusive, já havia alertado para a perspectiva de uma “lenta agonia” do declínio do bloco.

“Necessidade de ação decisiva”

O grande destaque do relatório de Draghi é a proposta para que a Europa invista até 800 bilhões de euros (R$ 4,9 trilhões) a mais por ano para melhorar a produção econômica e evitar ficar ainda mais para trás em relação aos EUA.

De maneira controversa, Draghi defendeu uma mudança na política de concorrência da UE, de modo a encorajar grandes gastos.

Em uma declaração formal, os líderes enfatizaram “a necessidade urgente de ação decisiva” e apoiaram as propostas de Draghi, embora tenham permanecido vagos em alguns pontos. Eles concordaram em “mobilizar financiamento público e privado”, acrescentando que explorariam “todos os instrumentos para corresponder às metas”, sem, no entanto, fornecer maiores detalhes.

A Alemanha e outros países do norte da Europa rejeitam veementemente assumir uma dívida conjunta para financiar investimentos, apesar do sucesso do plano de 800 bilhões de euros para a recuperação econômica pós-pandemia na UE.

Aumentar a capacidade de investimento da Europa poderia envolver mais financiamento público por meio do próprio orçamento da UE ou ao recorrer ao próprio credor do bloco, o Banco Europeu de Investimentos. Mas, levantar mais dinheiro é ainda difícil, com muitos países na UE lutando para controlar suas dívidas e déficits que aumentaram exponencialmente durante a pandemia.

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