A presidência checa do Conselho da União Europeia (UE) convocou segundo a Lusa, para segunda-feira (26) uma reunião urgente dos Estados-membros para discutir os últimos desenvolvimentos da guerra da Ucrânia, após anúncios russos de mobilização e de ameaça nuclear, foi hoje anunciado.
Em causa está uma reunião do Mecanismo Integrado de Resposta Política a Situações de Crise (IPCR), estrutura que junta os Estados-membros e as instituições da UE para um processo de tomada de decisão rápido e coordenado ao nível político perante situações de crise graves e complexas.
Numa declaração hoje divulgada a alguns meios europeus, incluindo a agência Lusa, a presidência checa do Conselho da UE indica que “decidiu convocar uma reunião no âmbito do IPCR para segunda-feira de manhã, na qual participarão os representantes permanentes dos Estados-membros na UE”.
“A decisão da presidência de convocar tal reunião rapidamente e ao nível de embaixadores da UE demonstra a seriedade com que estamos a levar a sério os atuais desenvolvimentos na Rússia e na Ucrânia e o nosso empenho em coordenar uma resposta eficaz”, vinca a liderança da República Checa na nota.
Segundo Praga, a ideia é adotar no encontro “deliberações suportadas pelos especialistas disponíveis e que tenham em conta as perspetivas e preocupações dos Estados-membros”, visando “avaliar a situação tal como ela se apresenta e ter em conta quaisquer desenvolvimentos recentes”.
Por ser uma estrutura mais flexível e com recursos mais alargados, o IPCR está de momento ativo relativo à guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, permitindo então aos países e às instituições da UE reunir-se numa mesa-redonda informal para acompanhar a situação.
Está também ativado para questões relacionadas com as migrações, numa altura em que se temem por razões de segurança entradas em massa de russos na UE, que fogem para escapar à mobilização militar.
A reunião vai decorrer após o Presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado na quarta-feira a mobilização parcial de 300.000 reservistas e recordado a importância do arsenal nuclear do seu país como argumento face à contraofensiva ucraniana.
De momento, a UE está ainda a preparar um novo pacote de sanções à Rússia.
Vários países europeus interpretaram estes últimos anúncios como um sinal de debilidade por parte da Rússia, na sequência da contraofensiva desencadeada pelo exército ucraniano e que permitiu recuperar alguns territórios ocupados.
A mobilização parcial ordenada por Putin, para enfrentar os reveses militares na Ucrânia, provocou já uma onda de protestos nas principais cidades russas, que resultaram em milhares de detidos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.