Em menos de uma hora, os líderes da União Europeia aprovaram, por unanimidade, um pacote de ajuda para a Ucrânia depois que a Hungria retirou o seu veto, nesta quinta-feira (1º), na cimeira de Bruxelas, informa Isabel Marques da Silva, da AP.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que os 27 países da UE fecharam um acordo sobre um mecanismo de ajuda à Ucrânia, pouco depois do início da cimeira e apesar das ameaças da Hungria de vetar a medida.
“Temos um acordo”, afirmou Michel numa publicação no X, antigo Twitter, detalhando que os “27 líderes concordaram com um pacote de apoio adicional de 50 bilhões de euros para a Ucrânia no âmbito do orçamento da UE”.
O anúncio foi feito apesar das fortes objeções da Hungria, em dezembro, e nos dias que antecederam a cimeira desta quinta-feira, em Bruxelas.
Michel disse que a medida “garante um financiamento firme, a longo prazo e previsível para a Ucrânia” e demonstra que a “UE está a assumir a liderança e a responsabilidade no apoio à Ucrânia; sabemos o que está em jogo”.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, não falou aos jornalistas quando entrou na reunião. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, costuma falar com os líderes na cimeira através de videoconferência.
“A chantagem”
“Não há qualquer problema com a chamada questão do cansaço sobre a Ucrânia. Agora temos o cansaço de Orbán em Bruxelas”, disse o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, aos jornalistas, quando chegou. “Não consigo entender. Não consigo aceitar este jogo muito estranho e muito egoísta de Viktor Orban”, acrescentou.
O primeiro-ministro húngaro estava a tentar reverter a decisão da Comissão Europeia de manter congelado o acesso a fundos europeus, no valor de 20 bilhões de euros, medida aplicada devido a um retrocesso democrático na Hungria, à luz do artigo 7º do Tratado da UE, tendo exigido que sejam feitas várias reformas.
Apesar de algumas medidas aprovadas pelo governo de Budapeste nos últimos meses, ainda há reformas por terminar no sistema judicial e em áreas relacionadas com os direitos das minorias, a gestão de contratos públicos, entre outras.
“Não quero usar a palavra chantagem, mas não sei que outra palavra melhor”, disse a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, aos jornalistas
“A Hungria precisa da Europa”, disse Kaja Kallas, sublinhando os problemas económicos do país e as elevadas taxas de juro. “O primeiro-ministro deveria também analisar o que é que a Hungria ganha em estar na UE”.
Os 26 líderes ainda poderaram avançar sem a Hungria, tendo pedido à Comissão Europeia para analisar a ideia de criar um fundo especial separado do orçamento da UE, mas isso seria mais caro e demorado, porque os parlamentos nacionais teriam de aprovar essa opção.
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, afirmou: “Esta guerra já dura há dois anos. A Ucrânia não será capaz de continuar a defender-se sem o apoio da União Europeia e não podemos deixá-la à míngua”.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, sublinhou que os 50 mil milhões de euros previstos para a Ucrânia são “urgentemente necessários”.