Apesar de controlar três ministérios, o União Brasil deve lançar um manifesto na próxima semana para reforçar a independência em relação ao governo Lula (PT) no Congresso. O documento tem sido articulado de acordo com Julia Lindner, do Estadão, pelo vice-presidente da legenda, Antonio Rueda, e pelo secretário-geral, ACM Neto, junto a parlamentares. O grupo também negocia a formação de um bloco majoritário na Câmara com o PL, sem o PT.
Dentre as tratativas, o União pleiteia continuar na Primeira Secretaria da Câmara, além de assumir a relatoria do Orçamento e se revezar com o PL, que é da oposição, no comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pelos próximos dois anos. Em paralelo, os petistas também trabalham para chefiar a CCJ.
Além do União e PL, também poderiam fazer parte do bloco na Câmara o PP, Republicanos, PSDB e Podemos. Os parlamentares ainda tentam atrair o PSD, que também integra a base do governo Lula, para essa formação — com isso, ultrapassariam 280 integrantes. O PT e o MDB, assim, poderiam ficar em um grupo minoritário.
O presidente do União, Luciano Bivar, e o senador Davi Alcolumbre (AP) atuam para conter o movimento. Como mostrou a Coluna, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, cobrou a presença do partido no bloco do PT, alegando que o partido faz parte da base aliada. Nem mesmo Bivar, entretanto, se comprometeu com isso.
Ao mesmo tempo, Alcolumbre pediu aos ministros do governo que ajudem no diálogo com as bancadas para tentar convencer os parlamentares a aderirem à base. Um dos motivos que faz o grupo de ACM Neto resistir à aliança com o atual governo, no entanto, é o cenário político da Bahia, sem relação direta com as pastas.
No Senado, por outro lado, mesmo integrantes do grupo independente reconhecem que é mais provável o União permanecer no bloco com o MDB e o PSD, que pode ter também a presença do PT, em torno da candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência da Casa. Não há maioria, entretanto, para apoiar a gestão atual.