Segundo o colunista Josias de Souza, do portal Uol, costura-se em Brasília um novo empreendimento político. Chama-se União Progressista. Por ora, não se sabe se sairá do papel. Resulta de uma junção de interesses de dois partidos, o União Brasil de Luciano Bivar e o PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira. A ideia é que se juntem numa federação partidária, sociedade que tem duração mínima de quatro anos. Trabalhariam com três tipos de mercadorias nas quais são especialistas: clientelismo, fisiologismo e patrimonialismo. Embora ainda não tenha existência formal, o novo conglomerado já exibe seu código de barras ao governo Lula.
Na hipótese de firmarem a sociedade, União Brasil e PP terão a maior bancada da Câmara: 108 deputados. No Senado, a segunda maior bancada: 15 senadores. Bem pagos pelo governo, esses parlamentares ofereceriam votos e estabilidade. Maltratados, obstruiriam e desestabilizariam votações. Nesse tipo de matrimônio político, a prioridade é o patrimônio. O grupo ambiciona indicar o relator do Orçamento federal para 2024.
O União Brasil já recebeu de Lula os cofres de três ministérios: Integração Nacional, Comunicações e Turismo. Insatisfeito com tudo, quer mais. O PP simula independência. Estava fechado com Bolsonaro até ontem. Mas é um tipo de legenda sui generis. Sempre que dá com os burros n’água, encontra uma maneira de se aproximar de um burro mais seco. O PP adoraria que os operadores que plantou na máquina pública deslizassem suavemente para dentro da gestão Lula, com quem já firmou rentáveis alianças no passado.
O Planalto prefere que a nova federação não vingue. Mas Lula, às voltas com a necessidade de aprovar uma reforma tributária, prepara-se para o aumento do preço. Se sair do papel, a nova federação partidária planeja apresentar nas eleições municipais de 2014 candidatos alternativos aos nomes da polarização entre o PT de Lula e o PL de Bolsonaro. Fortalecendo-se nos municípios, a federação aumentaria a sua cotação para 2026. Ou seja: Lula pode ter que remunerar agora futuros adversários.