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Arthur Lira, presidente da Câmara, e Elmar Nascimento, do União Brasil Câmara dos Deputados - Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
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quarta-feira 23 de novembro de 2022 às 15:28h

União Brasil aprova apoio a Arthur Lira à presidência da Câmara dos Deputados

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A bancada da Câmara dos Deputados do União Brasil, que terá 59 deputados no ano que vem, aprovou nesta quarta-feira apoio à candidatura de Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara, em sua reeleição no ano que vem. O partido deve compor o bloco de Lira. Com a formalização, o deputado do PP consolida uma ampla frente de partidos em apoio ao seu nome e dificulta ainda mais o surgimento de outro candidato competitivo. As informações são de Natália Portinari, Fernanda Trisotto e Bruno Góes, do O Globo.

Liderada por Elmar Nascimento (BA), a bancada também aprovou um indicativo de que poderá compor uma federação com o PP no futuro. Isso significa que os dois partidos atuariam de forma conjunta na Câmara pelos próximos quatro anos.

— Deliberamos que as conversas sobre federação com o PP podem avançar, a depender das condições que forem dadas daqui em diante — disse Danilo Forte (UB-CE) após a reunião.

O encontro não contou com a presença de Luciano Bivar (PE), presidente do partido. Bivar tinha a intenção de lançar uma candidatura própria do partido à presidência da Câmara e chegou a articular um bloco com o MDB, mas já havia antecipado que não se oporia à deliberação da bancada.

Um eventual alinhamento do União Brasil com o governo eleito de Lula (PT) ainda não foi discutido, segundo parlamentares presentes. Bivar, presidente do partido, foi convidado para a reunião do conselho político da equipe de transição nesta quarta-feira, coordenado pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, mas não compareceu.

Elmar Nascimento é um dos aliados mais próximos de Arthur Lira na Câmara dos Deputados. Os dois têm atuado em conjunto nos últimos anos. A decisão da bancada do União Brasil de aderir à candidatura de Lira foi unânime.

Lira conta ainda com o apoio do PSD, Republicanos, PP, PL e PDT. Ele é hoje favorito à reeleição, e o MDB vem enfrentando dificuldades para viabilizar uma candidatura independente. O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), também apoia Lira, mas a bancada ainda não deliberou qual será sua posição na eleição, que ocorre no início de fevereiro.

No MDB, houve resistência a apoiar Lira partindo da “velha guarda” do partido, especialmente do senador Renan Calheiros (AL), do governador do Pará Helder Barbalho e do deputado eleito Eunicio Oliveira (CE). Mas integrantes do partido já veem com descrédito a tentativa de lançar um candidato contra Lira e esperam que, em breve, até o MDB entre no bloco do atual presidente da Câmara.

Conta a favor de Lira o fato de ter o apoio também de parte da bancada do PT, que votou nele em sua primeira eleição, em 2021. O presidente eleito Lula disse, logo após o segundo turno, que o governo ficaria independente na disputa, o que foi interpretado como uma sinalização favorável para petistas que queriam dialogar com Lira e apoiá-lo.

Alinhado ao governo Jair Bolsonaro, Lira ganhou força entre deputados do Centrão e até de partidos da esquerda nos últimos dois anos. Ele tem sob controle a distribuição do orçamento secreto, as “emendas de relator”, e, individualmente, é o maior beneficiário desses recursos, com quase meio bilhão em indicações desde 2020.

Interlocutores do Centrão próximos a Lira têm articulado com a equipe de transição do PT para conseguir liberar as verbas do orçamento secreto deste ano, atualmente bloqueadas por conta do teto de gastos. São cerca de R$ 7,9 bilhões que ainda não foram pagos pelo governo. Deputados aliados a Lira querem que essa fatura seja liquidada ainda neste ano.

Nesta terça-feira, o líder do PDT, André Figueiredo (CE), anunciou o apoio à reeleição de Lira após conversar individualmente com toda a bancada, incluindo os novos deputados. O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, participou desse processo e o apoio será oficializado em 6 de dezembro.

A avaliação do pedetista é de que, com exceção do PSOL que quer lançar candidatura própria e de algum segmento mais radical do bolsonarismo, os partidos de centro e até mesmo de esquerda votarão em Lira.

— Votar no Arthur não é problema, porque a gente sabe que ele honra compromissos e acho que vai ser importante para a governabilidade do Lula. Para além das pautas que a gente considera serem relevantes para o Brasil, a gente precisa de um presidente da Câmara que, independentemente do posicionamento ideológico, tenha compromissos — afirmou.

Embora não estivesse presente à formalização, Bivar já havia indicado a aliados, desde a semana passada, que a legenda apoiaria o atual presidente da Câmara, e que sua postulação, portanto, seria enterrada. Conversou sobre o cenário, inclusive, com o próprio Lira em jantar.

Em outra conversa com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente do União Brasil falou sobre a possibilidade de ingresso na base do presidente eleito e também da formação do bloco de Lira.

Na bancada petista, o líder Reginaldo Lopes (MG) já abriu a discussão para que a legenda apoie o PP e não arrisque sofrer uma derrota em fevereiro.

Neste jogo, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, também defendeu recentemente o apoio a Lira e a necessidade de a sua bancada integrar a base de Lula. Em jantar da bancada em Brasília, há duas semanas, Kassab disse que tanto a recondução de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado quanto a de Lira dariam “estabilidade” à relação entre poderes.

Na terça-feira, a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), deu o tom do cenário na Casa após sair de um café com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. Questionada se a legenda apoiaria Lira, ela respondeu:

— E tem outro candidato (à presidência da Câmara)?

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