O ex-presidente Lula vai se defender de seu processo na quinta-feira em Genebra. Segundo o DCM o jornal “Le Temps” o encontrou em São Paulo antes de sua partida para discutir reveses legais e sua análise do estado da esquerda no mundo.
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Le Temps: Por que levar seu caso ao Comitê de Direitos Humanos da ONU? Você desconfia da Justiça brasileira?
Lula: Não é apenas desconfiança. É a certeza de que não tive direito a um julgamento, mas a uma avalanche de mentiras. Eu também disse ao Sergio Moro [o juiz que se tornou ministro da Justiça de Jair Bolsonaro]: “Você deve me condenar porque você foi longe demais com suas mentiras para voltar atrás”. Diante dessa farsa política, nos voltamos – com todo o respeito às instituições brasileiras – para um fórum internacional para garantir nossos direitos. O Brasil é um estado signatário e terá que respeitar suas decisões.
No entanto, você foi condenado por vários tribunais e as investigações continuam. Você acha que a ONU deveria investigar o seu caso?
Sinto que uma gangue está tentando passar um homem inocente por um chefe da máfia. Para me condenar, o promotor usou uma apresentação em Power Point que não mostrou nada. Uma hora e meia depois, ele simplesmente disse: “Não me peça para provar, eu tenho convicções”.
Como ele se apresentava como um homem imparcial e sério, pensei que ele desistisse das acusações. Em vez disso, ele me condenou por atos “indeterminados”. Em outras palavras, sem evidência. Recentemente, o sistema de Justiça federal anulou a condenação pelo estabelecimento de uma organização criminosa. Portanto, solicitamos que a Suprema Corte anule todas as decisões a meu respeito. Se estamos lutando, é porque devemos a este país fazer com que a verdade prevaleça.