Em tempos de alta expectativa sobre a reforma ministerial no governo Lula, auxiliares do presidente no Palácio do Planalto e integrantes do primeiro escalão têm dito nos bastidores de acordo com Malu Gaspar, do O Globo, que têm uma certeza e uma dúvida.
A certeza é de que a reforma ministerial acontecerá assim que passarem as eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A dúvida é sobre o formato, que dois dos três interlocutores privilegiados de Lula com quem conversei acreditam que vá ser pontual, em poucos cargos estratégicos.
A reforma seria necessária para reacomodar na Esplanada dos Ministérios os partidos que compõem a base no Congresso, cuidando em especial de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deixam o comando das duas casas, mas pretendem continuar a ter influência, e se julgam credores de Lula pelo que fizeram pelo governo nestes dois anos.
Outro motivo para mexer na configuração do primeiro escalão é a reorganização das forças dentro dos próprios partidos. O PSD, por exemplo, já fez chegar ao presidente o recado de que gostaria de trocar o Ministério da Pesca, hoje ocupado pelo deputado pernambucano André de Paula, por alguma outra pasta com mais poder, já que o partido saiu das eleições municipais com o maior número de prefeituras do país — 887 de um total de 5.569.
O União Brasil, partido de Davi Alcolumbre, futuro presidente do Senado, também pleiteia mais poder, enquanto o PP de Arthur Lira sonha com a Saúde.
Apesar dos recados e da pressão sobre o Planalto, porém, Lula não autorizou nenhum de seus articuladores a começar a conversar com os partidos e também ainda não começou a falar abertamente sobre a reforma. Da última vez em que trocou ministros, tirando Daniela Carneiro para colocar Celso Sabino, os dois do União Brasil, quem conduziu as conversas de bastidores foi Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais.
Por ora, Padilha tem ouvido todos os pedidos, mas por enquanto não tem aval para prometer nada a ninguém.