As forças de segurança da França removeram, neste sábado (3), os dois últimos bloqueios de estradas feitos pelos agricultores do país, após a suspensão da maioria dos obstáculos em decorrência da promessa de ajuda e de novas medidas do governo.
A evacuação desses bloqueios, em uma praça de pedágio entre as cidades de Lyon e Chambéry, próximo a um centro de compras de um grande distribuidor no departamento de Loire-Atlantique, ocorreu sem incidentes, informaram à AFP as prefeituras dessas áreas e o sindicato.
Os manifestantes presentes no pedágio queriam “sair dignamente e cantando”, declarou a agricultora Isabelle Douillon.
Cerca de “50 gendarmes” foram mobilizados para a operação. Tudo ocorreu “com calma e serenidade”, acrescentou ela.
Esses eram os dois últimos bloqueios mantidos pela Confederação Camponesa, de acordo com uma porta-voz deste sindicato agrícola minoritário, após as evacuações feitas pela FNSEA, pelos Jovens Agricultores (JA) e, também, pela Coordenação Rural.
A Confederação era o último sindicato a pedir a continuação da mobilização durante este fim de semana e a próxima semana, para denunciar a política agrícola do governo e exigir melhores medidas em relação aos salários.
A maioria dos agricultores franceses que bloqueavam trechos de estradas, como nos arredores de Paris, foram esvaziando os bloqueios, gradualmente, desde quinta-feira.
A decisão veio após uma série de anúncios do governo francês a fim de acalmar a revolta dos agricultores. Seu protesto se estendeu para outros países da União Europeia (UE), como Espanha, Itália e Alemanha.
Enfrentando sua primeira crise, o governo do novo primeiro-ministro Gabriel Attal prometeu aos agricultores franceses um pacote de 400 milhões de euros (R$ 2,1 bilhões na cotação atual) e anunciou a suspensão temporária de um plano para reduzir o uso de pesticidas. Esta última medida gerou a indignação de organizações e ativistas ambientais.
Em Bruxelas, a Comissão Europeia prometeu medidas, na quinta-feira, para defender os “interesses legítimos” dos agricultores da UE, reduzindo a “carga administrativa” da Política Agrícola Comum (PAC).
Os sindicatos FNSEA e JA deram ao governo um prazo até 24 de fevereiro, data em que começa o Salão da Agricultura de Paris – reunião anual do mundo rural -, para concretizar suas declarações. Eles também pedem uma lei para antes de junho.