A Ucrânia afirmou nesta segunda-feira (16) que houve baixas em unidades militares norte-coreanas enviadas para lutar pela Rússia. Segundo as forças de Kiev, ao longo do último final de semana, pelo menos 30 soldados foram mortos ou feridos em várias aldeias na linha de frente da região russa de Kursk, onde o exército ucraniano lançou uma ofensiva relâmpago que surpreendeu o Kremlin em agosto, mas ficou estagnada desde então.
A declaração da agência de espionagem militar ucraniana foi a primeira vez que reivindicou-se, nesta escala e nível de detalhes, baixas norte-coreanas em território russo. Segundo autoridades da órgão, as baixas ocorreram em torno das aldeias de Plekhovo, Vorozhba e Martynovka na região de Kursk. Não houve confirmação independente das informações.
A notícia veio depois que o presidente do país, Volodymyr Zelensky, declarou no sábado 14 que Moscou estava usando, pela primeira vez, um número significativo de soldados norte-coreanos para conduzir ataques em Kursk.
O Kremlin se recusou a comentar a questão.
Apoio da Coreia do Norte
A Rússia não confirmou nem negou a presença de norte-coreanos ao seu lado no campo de batalha. Pyongyang inicialmente rejeitou relatos sobre o envio de militares ao território russo como “notícias falsas”, mas um oficial do governo da Coreia do Norte declarou que qualquer medida desse tipo é legal e legítima.
“Devido às perdas, os grupos de assalto estão sendo reabastecidos com militares novos, em particular da 94ª brigada separada do exército da RPDC (Coreia do Norte), para continuar as operações de combate ativas na região de Kursk”, escreveu a agência ucraniana de inteligência.
Kiev detectou forças norte-coreanas na região russa de Kursk em outubro, e em seguida registrou confrontos e baixas com essas unidades, sem dar detalhes. Estima-se que haja 11 mil soldados da Coreia do Norte na Rússia, somando-se a um contingente de dezenas de milhares de russos.
A Ucrânia, que tem 20% do território controlado por Moscou, criou um enclave de cerca de 1.000 km² na região de Kursk, que seus militares têm lutado para manter sob sua posse como uma potencial moeda de troca para quaisquer potenciais negociações de paz.
“Linha vermelha”
Também nesta segunda-feira, 16, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou o Ocidente cruzar suas “linhas vermelhas” estabelecidas por seu país – situações que o Kremlin deixou claro publicamente que não toleraria – e disse que Moscou foi forçada a dar uma resposta.
Putin declarou em uma reunião de autoridades de defesa que a Rússia estava observando com preocupação a potencial implantação de mísseis de curto e médio alcance dos Estados Unidos na Ucrânia e, possivelmente, em outros países da Europa.
O chefe do Kremlin afirmou, portanto, que a Rússia levantaria todas as suas próprias restrições à implantação de seus mísseis se Washington fosse em frente com os planos.