Após as críticas infundadas do ditador Nicolás Maduro ao sistema brasileiro de votação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta quarta-feira (24) que não vai mais enviar dois servidores para acompanhar as eleições na Venezuela.
“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, informou a assessoria do tribunal nesta quarta-feira (24).
“A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil”, acrescentou o tribunal.
O tribunal reiterou que as urnas”são auditáveis e auditadas permanentemente”, “seguras” e frisou que “nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento”.
Conforme publicou o jornal O Globo, as declarações de Maduro irritaram integrantes do Palácio do Planalto e assessores diplomáticos do governo Lula. Maduro afirmou que as eleições no Brasil são inauditáveis — o que não é verdade —, ecoando um discurso adotado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
O governo Lula pressionou o TSE a enviar servidores para acompanhar in loco a tumultuada eleição presidencial na Venezuela deste domingo, segundo apurou a coluna com duas fontes que acompanham de perto as discussões.
A decisão de enviar dois servidores da equipe técnica para Caracas havia marcado uma guinada na posição do TSE, que já havia informado por uma nota divulgada em 30 de maio, sob a gestão de Alexandre de Moraes, que não mandaria ninguém para a Venezuela.
Com a troca de comando no tribunal, que passou a ser presidido pela ministra Cármen Lúcia em 3 de junho, a posição do tribunal mudou. O TSE anunciou na semana passada que enviaria representantes para acompanhar a votação, faltando pouco mais de dez dias para o pleito.
Agora, após os ataques de Maduro ao sistema eleitoral brasileiro, o TSE mudou de posição mais uma vez e desistiu de enviar os servidores, que não chegaram a embarcar para Caracas.
As pesquisas apontam como favorito da eleição o diplomata Edmundo González Urrutia, candidato de consenso da oposição para enfrentar Maduro nas eleições presidenciais, mas o líder chavista tem tentado intimidar tanto o adversário quanto a própria população.
Na semana passada, o ditador afirmou que a Venezuela pode enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso ele não seja reeleito.