Donald Trump tomou posse na segunda-feira (20) como o 47º presidente dos Estados Unidos em meio a expectativas sobre a condução de seu governo, especialmente em questões geopolíticas e econômicas. Isso porque, ao longo de sua campanha e após sua eleição, o republicano repetiu constantemente sobre seus planos tarifários e, até mesmo, intenções imperialistas, falando em anexar o Canadá, assumir o Canal do Panamá ou dominar a Groenlândia (território no Ártico pertencente à Dinamarca).
Já no primeiro dia na Casa Branca, Trump decretou dezenas de medidas, mas não a mais aguardada, que ele anunciou ao longo dos últimos meses, de que em seu “dia 1” iria impor novas tarifas a produtos importados, que chegam a 60% no caso da China, por exemplo. E envolvia taxas significativas para México e Canadá, como forma de pressionar os vizinhos em relação às respectivas fronteiras e imigração.
Contudo, a questão tarifária para 1º de fevereiro em alguns casos. Para outros, ele também assinou um memorando comercial ordenando que as agências federais concluam análises abrangentes de uma série de questões comerciais até 1º de abril.
“Nas últimas declarações, ele se mostrou um pouco mais comedido [sobre as tarifas], particularmente com relação à China”, destaca Carlos Primo Braga, ex-diretor de Política Econômica e Dívida do Banco Mundial e professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC).
Braga avalia esse novo momento de Trump seria um novo “Consenso de Washington”, que se no passado foi de liberalização comercial, agora é de protecionismo e disrupção.
“Se você me perguntar se essas políticas vão fazer os Estados Unidos mais próspero, a resposta é não. Eles podem ter um impacto inicial positivo, mas a médio e longo prazos certamente vão diminuir significativamente a competitividade da economia dos Estados Unidos”.
No curto prazo, o titubeio de Trump pode estar relacionado ao impacto inflacionário que o aumento de tarifas de importação podem causar, o que consequentemente impactará sua popularidade. A meta de inflação nos Estados Unidos é de 2% (no Brasil é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo).
“Ele e alguns conselheiros têm aquela visão de que quem paga as tarifas são os exportadores. Isso é uma bobagem total. Em alguns casos é bem verdade, os exportadores podem moderar os preços assumindo parte das tarifas. Mas quem paga as tarifas no final das contas são os consumidores”.
Conversas com a China
A redução do tom relação à China impactou na cotação do dólar globalmente. No Brasil, a moeda fechou a semana a R$ 5,91, menor cotação desde 27 de novembro de 2024.
Na semana anterior à sua posse, Donald Trump chegou a conversar com o presidente da China, Xi Jinping. Ele disse que a conversa, “foi amigável” e que acredita que pode chegar a um acordo comercial com o gigante asiático. Os líderes das duas maiores economias do mundo discutiram questões como TikTok e comércio e Taiwan.
“Eu posso fazer isso”, disse Trump na entrevista quando perguntado se ele pode fazer um acordo com a China sobre práticas comerciais justas.
Trump disse que preferiria não usar tarifas contra a China, mas chamou as tarifas de um “poder tremendo”. “Mas temos um poder muito grande sobre a China, que são as tarifas, e eles não as querem, e eu preferiria não ter que usá-las, mas é um poder tremendo sobre a China”, acrescentou Trump.