Impeachment do presidente dos EUA seguirá para votação entre os deputados e, se aprovado, o afastamento definitivo será avaliado pelo Senado
A Câmara dos Representantes acusou formalmente Donald Trump de abuso de poder e obstrução do Congresso, dando um passo definitivo na direção do impeachment dos EUA.
O anúncio abre caminho para a votação do impeachment pelos deputados. Se aprovado na Câmara dos Representantes, o afastamento definitivo da presidência será votado pelo Senado.
Trump será o quatro presidente norte-americano a enfrentar o processo de impeachment. Se aprovado pelos deputados, ele será o terceiro a enfrentar a votação no Senado.
“O presidente age como se estivesse acima da lei e é nosso dever lembrar que ninguém está acima da lei”, disse Jerry Nadler, presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes.
A Câmara tem uma maioria de Democratas, o que indica que o impeachment tende a ser aprovado.
Já o Senado tem maioria de Republicanos, trunfo de Donald Trump para evitar ser afastado do cargo.
Diferente do Brasil, o afastamento do cargo só ocorre após a conclusção do julgamento do processo de impeachment pelos senadores.
Histórico do impeachment de Trump
A acusação formal ocorre após dois meses e meio de investigações conduzidas por diferentes comitês da Câmara dos Representantes, todos controlados por deputados democratas.
As investigações foram abertas depois que um delator mostrou preocupação com o conteúdo de uma conversa telefônica de 25 de julho entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.
Nesta ligação, cujos registros teriam sido adulterados pela Casa Branco, Trump teria solicitado que seu colega ucraniano reabrisse investigações dos negócios do filho do ex-vice-presidente Joe Biden na Ucrânia. Biden é um dos favoritos à indicação democrata para enfrentar Trump na eleição do ano que vem.
Trump é acusado de abusar do poder de seu cargo por não apenas solicitar a investigação de Biden, mas por tentar convecer Zelenskiy retendo e depois condicionado a liberação de ajuda financeira para a Ucrânia, que recebe apoio militar dos EUA por conta de confrontos de fronteira com a Rússia.
Ele também teria acenado com uma possível reunião na Casa Branca como moeda de troca.
Casa Branca nega acusação
Na noite de segunda-feira, Jamie Raskin, democrata do Comitê Judiciário, disse ao repórteres que seus correligionários identificaram dois padrões de má conduta de Trump: “Envolver governos estrangeiros em nossa política para corromper nossas eleições” e “trabalhar para acobertar este tipo de má conduta bloqueando testemunhas, retendo indícios e tentando impedir pessoas de depor”.
Trump nega qualquer irregularidade e qualificou o inquérito de impeachment como uma farsa.
A Casa Branca se recusa a participar das audiências da Câmara alegando que o processo é injusto.