O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de ditador numa postagem da rede social Truth Social nesta quarta-feira (19).
“Um ditador sem eleições, Zelensky precisa agir rápido ou não terá mais um país”, afirmou Trump.
“Eu amo a Ucrânia, mas [Zelensky] fez um trabalho terrível, seu país está devastado e MILHÕES morreram desnecessariamente”, acrescentou.
Mais cedo, Zelensky havia acusado o presidente dos EUA de “viver em um espaço de desinformação” criado pela Rússia, após as negociações entre os EUA e Moscou na Arábia Saudita — das quais a Ucrânia foi excluída.
Trump também afirmou que, enquanto isso, os EUA estão “negociando com sucesso o fim da guerra com a Rússia”.
O mandato presidencial de Zelensky expirou em maio do ano passado. No entanto, a Ucrânia está sob lei marcial desde a invasão russa em fevereiro de 2022, o que suspendeu as eleições presidenciais.
Em novembro, todos os partidos do parlamento ucraniano apoiaram o adiamento das eleições até o fim da guerra, e Zelensky prometeu realizar uma nova eleição assim que o conflito terminar.
As declarações de Trump ocorreram apenas algumas horas depois de a Rússia questionar a legitimidade de Zelensky, já que seu mandato chegou ao fim — uma alegação que Moscou tem repetido nos últimos meses.
Trump também voltou a fazer críticas aos gastos dos EUA com a guerra na Ucrânia.
Chamando o presidente ucraniano de “um comediante modestamente bem-sucedido que convenceu os Estados Unidos da América a gastar 350 bilhões de dólares em uma guerra que não poderia ser vencida”, Trump disse que, sem os EUA, a Ucrânia nunca conseguirá resolver o conflito.
Trump também criticou a Europa, afirmando que a guerra na Ucrânia é “muito mais importante para a Europa do que para nós”.
“Temos um grande e belo oceano como separação”, declarou.
Pouco tempo depois da postagem de Trump, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, declarou que seu povo e o presidente Zelensky “se recusaram a ceder à pressão do [presidente russo] Putin” e afirmou: “Ninguém pode forçar a Ucrânia a desistir” e “defenderemos nosso direito de existir.”
Zelensky: ‘Trump vive em espaço de desinformação’
Mais cedo nesta quarta-feira, em uma coletiva de imprensa, Zelensky havia afirmado que, se alguém quiser substituí-lo como líder neste momento, isso não funcionará, pois sua aprovação continua alta.
Ele citou uma pesquisa que, segundo ele, aponta que 58% dos ucranianos confiam em sua liderança.
Zelensky também destacou que a Ucrânia está enfrentando “muita desinformação” vinda da Rússia.
“Com todo o respeito ao presidente Donald Trump como líder… ele está vivendo nesse espaço de desinformação”, acrescentou.
As declarações ocorreram logo após Trump afirmar que o presidente ucraniano, eleito para um mandato de cinco anos em 2019, estaria com apenas “4% de aprovação”.
Zelensky disse que a Ucrânia tem “evidências” de que essa informação sobre os 4% de aprovação está sendo disseminada pela Rússia e que “esses números estão sendo discutidos entre os EUA e a Rússia”.
Russos e americanos na Arábia Saudita
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Na terça-feira (18/2), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, concordaram num encontro na Arábia Saudita em nomear “equipes de alto nível” para encontrar uma solução “duradoura, sustentável e mutuamente aceitável” para a guerra.
Os dois países declararam que concordaram em encerrar o conflito “o mais rápido possível”.
Os ucranianos e os países europeus não foram convidados para o encontro em Riad, a capital da Arábia Saudita.
O encontro entre Rubio e Lavrov foi o primeiro encontro deste nível desde que Vladimir Putin lançou sua chamada “operação militar especial” contra a Ucrânia em 22 de fevereiro de 2022.
Além de encerrar os combates, as autoridades concordaram em “preparar o terreno” para uma cooperação futura em “questões de interesse geopolítico mútuo e nas oportunidades históricas econômicas e de investimento que surgirão de uma resolução bem-sucedida do conflito na Ucrânia”, disse o comunicado divulgado pelo Departamento de Estado americano.
Sergei Lavrov descreveu as conversas de terça-feira como “muito úteis”.
“Tenho motivos para acreditar que o lado americano agora entende melhor nossa posição”, disse ele.
Enquanto o encontro ocorria, Zelensky estava na Turquia para uma reunião com o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan.
“Queremos que tudo seja justo e que ninguém decida nada pelas nossas costas… Não fomos convidados para esta reunião russo-americana na Arábia Saudita. Foi uma surpresa para nós, assim como para muitas outras pessoas. Soubemos disso pela mídia”, disse.