Três a cada dez candidatos a governador neste ano não nasceram no estado pelo qual concorrem. Um levantamento feito pelo jornal O Globo com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que há 72 “forasteiros” disputando a chefia dos Executivos estaduais. Desse total, 12 são nascidos em São Paulo, oito em Minas e outros oito no Rio.
O Mato Grosso é o estado com mais postulantes não nascidos no estado. Todos os quatro que registraram candidatura nasceram em outros locais. Em seguida, aparecem unidades da federação fundadas há menos tempo, na comparação com os demais: Roraima (80% de forasteiros), Rondônia (71%) e Tocantins (63%), além de Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, ambos com metade dos candidatos oriundos de outros estados.
Na outra ponta, estão Rio Grande do Sul, Pernambuco, Maranhão, Paraná, Alagoas e Ceará. Em cada um deles, apenas um dos concorrentes não é nascido no estado pelo qual vai tentar ser eleito.
Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Altino (PSTU) e Gabriel Colombo (PCB) são os únicos não paulistas no pleito. O ex-ministro da Infraestrutura e aliado do presidente Jair Bolsonaro nasceu no Rio e residiu por muito tempo em Brasília. O fato de não ser paulista tem sido explorado por adversários — durante a sabatina organizada pelo Globo, Valor e CBN, ele rebateu as críticas e disse que “um cara de fora vai resolver”.
— Não me parece que o paulista tenha preconceito de quem vem de fora. O paulista não está interessado em saber de onde você veio, quer saber para onde nós vamos — disse Tarcísio.
O PSOL chegou a entrar com um pedido para que o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) vetasse a transferência de domicílio eleitoral do ex-ministro para o estado, mas a solicitação foi rejeitada.
Na disputa no Rio, nasceram em outras unidades da federação o governador Cláudio Castro (PL), que é de Santos (SP), o ex-governador Wilson Witzel (PMB), que também é paulista, e Cyro Garcia (PSTU), que é mineiro. Em entrevista ao jornal Extra, o atual governador se definiu como um “erro geográfico”. “Eu só nasci em Santos e já vim para o Rio”, explicou.
Não há irregularidade em se candidatar em outro estado que não o de nascimento. É preciso apenas ter o estado como domicílio eleitoral. O tema foi alvo de contestação no caso da candidatura do ex-juiz Sergio Moro (União), que pretendia concorrer ao Senado por São Paulo. O TRE-SP rejeitou a mudança, e Moro vai tentar a cadeira no Congresso pelo Paraná.