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terça-feira 21 de maio de 2024 às 06:45h

Tremores registrados no RS têm relação com as chuvas? Sismólogo explica

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A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), coordenada pelo Observatório Nacional, registrou uma série de pequenos tremores de terra no Rio Grande do Sul na semana passada. Os tremores ocorreram em paralelo às enchentes que assolam a região. Diante disso surgiram dúvidas sobre uma eventual relação entre os fenômenos.

Para explicar melhor a ocorrência desses eventos na região, o Ciência no Rádio conversa nesta semana com o sismólogo Diogo Coelho, doutor em Geodinâmica e Geofísica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e pós-doc do Observatório Nacional.

Conforme explicou Diogo, a RSBR registrou quatro tremores de terra na Região da Serra Gaúcha na madrugada do dia 13 de maio, em meio às enchentes que ainda atingem a região.

Os tremores tiveram magnitudes 2.3 mR e 2.4 mR, consideradas baixas, e ocorreram nos municípios de Caxias do Sul, Pinto Bandeira e Bento Gonçalves. Apesar das baixas magnitudes, os tremores foram sentidos pela população. Os abalos sísmicos ocorreram por volta das duas da manhã e, segundo relatos da mídia, assustaram a população, embora as baixas magnitudes não representem riscos.

Segundo Diogo, não se pode confirmar nem descartar a possibilidade de uma relação entre os tremores de terra e as chuvas e enchentes. No entanto, é raro existir uma relação direta.

Em geral, seriam necessários alguns alguns meses depois das chuvas para tremores desse tipo ocorrerem, mas não se pode descartar essa possibilidade. De qualquer forma, são necessários estudos aprofundados para afirmar com precisão as causas desses sismos.

“Provar isso também é muito complicado. Carece de muitas estações espalhadas na região, mais estações sísmicas, sismômetros, e bastante tempo de estudo.”

Além disso, a nível de Brasil podemos dizer que essa região é propensa a tremores de terra. A região da Serra Gaúcha já possui um histórico de ocorrência de tremores de terra de magnitudes entre 2.0 e 3.0 mR.

Nos últimos 10 anos, a região da Serra Gaúcha registrou 27 sismos. No ano passado, por exemplo, foram quatro tremores registrados no Estado do Rio Grande do Sul.

Portanto, devido a essa propensão a eventos sísmicos, é provável que esses sismos de maio tenham causas naturais. Ou seja, tenham ocorrido devido às pressões geológicas movimentando pequenas fraturas na crosta terrestre.

Como sabemos, o Brasil está localizado no centro de uma placa tectônica, então os tremores que registramos aqui são os chamados intraplacas, com baixas magnitudes e baixas profundidades.

Existem no Brasil algumas regiões que são mais sismogênicas, ou seja, que possuem mais falhas geológicas e, com isso, mais tremores de terra. Elas estão localizadas no Norte do Rio Grande do Sul, na Região Litorânea entre a Bahia e o Espírito Santo, no interior de São Paulo e de Minas Gerais, além dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Mato Grosso. Mas também há registros em outros estados.

O monitoramento dos sismos que ocorrem no Brasil é feito pela Rede Sismográfica Brasileira. Coordenada pelo Observatório Nacional e com apoio do Serviço Geológico do Brasil, a Rede é a organização pública responsável por monitorar a sismicidade do território nacional através de suas quase 100 estações sismográficas espalhadas pelo país, fornecendo dados essenciais para a compreensão da atividade sísmica e da estrutura interna da Terra.

As estações são operadas pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Observatório Nacional.

Sobre o Programa Ciência no Rádio

O programa Ciência no Rádio é resultado de uma parceria do Observatório Nacional (ON) com a Rádio MEC, criada em 2015 para levar ao público informações científicas ligadas às três áreas de atuação do ON: astronomia e astrofísica, geofísica, metrologia em tempo e frequência. São mais de 350 programas ao longo desses anos! E todos estão disponíveis em nosso site. Clique aqui para ouvir .

Em maio de 2021, o Ciência no Rádio passou a ser transmitido também por outras frequências, alcançando São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, além do Rio de Janeiro. Além disso, passou a ser disponibilizado um contato de WhatsApp para que o ouvinte possa interagir com sugestões de temas para o programa: (21) 99710-0537.

Em outubro de 2023, o Ciência no Rádio foi indicado na categoria Rádio ao Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar. A indicação reconhece o compromisso e a excelência do programa na divulgação científica. Os resultados foram divulgados no dia 19 de outubro.

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