Pesquisadores da Universidade da Flórida, nos EUA, desenvolveram um colírio inovador que pode ser capaz de restaurar a visão em cavalos com uveíte autoimune recorrente (veja mais detalhes abaixo), uma das principais causas de cegueira nesses animais.
O estudo, publicado na revista Frontiers in Immunology, pode abrir caminho para uma abordagem semelhante em pessoas diagnosticadas com uveíte, responsável por cerca de 10% dos casos de cegueira em todo o mundo.
A uveíte é uma doença inflamatória que afeta a úvea, camada intermediária do olho, provocando dor, sensibilidade à luz e, em casos avançados, perda definitiva da visão.
Uma alternativa aos tratamentos tradicionais
Atualmente, a terapia padrão envolve o uso de esteroides para reduzir a inflamação, mas esses medicamentos têm efeitos colaterais significativos e não impedem a recorrência da doença. A nova abordagem consiste em um colírio contendo o peptídeo sintético SOCS1-KIR, que atua na regulação do sistema imunológico para controlar a inflamação sem os efeitos adversos dos corticóides.
Nos testes realizados na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade da Flórida, cavalos que antes apresentavam dor intensa e visão reduzida demonstraram melhora significativa após o tratamento. Alguns dos animais voltaram a enxergar parcialmente, indicando que a terapia pode restaurar a função ocular em estágios intermediários da doença.
Por que pode ajudar na cegueira humana?
Como a fisiologia ocular dos cavalos e dos humanos compartilha semelhanças, os cientistas acreditam que o colírio também pode ser eficaz para tratar pacientes com uveíte autoimune. “Se conseguimos provar sua eficácia em cavalos, há uma grande chance de que ele também funcione em humanos”, afirma um dos autores do estudo, o professor Joseph Larkin.
O próximo passo é realizar ensaios clínicos ampliados em cavalos, com vistas a uma futura adaptação para humanos. O projeto conta com financiamento da Grayson-Jockey Club Research Foundation, instituição dedicada ao avanço da pesquisa veterinária equina.
Se bem-sucedido, esse tratamento pode representar um grande avanço na prevenção da cegueira, trazendo esperança tanto para animais quanto para pessoas que enfrentam essa doença debilitante.