Nas redes sociais, uma vida de luxo. Por trás dela, um grande esquema de narcotráfico na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.
Na semana passada, Antônio Joaquim Mota, conhecido “Dom”, escapou de helicóptero de uma operação da Polícia Federal. Ele é um dos maiores traficantes do país, mas na internet, a rotina dele é tranquila: viagens internacionais, relógios finos e vinhos caros.
Um vídeo exibido pelo programa Fantástico, da TV Globo, mostra Dom dançando com amigos em um iate. Ele namora uma influenciadora digital, que também posta momentos de luxo com o traficante nas redes sociais.
Dom é protegido por um grupo paramilitar de mercenários estrangeiros. O guarda-costas dele, Iuri da Silva Gusmão, aparece em vídeos disparando com pistolas, carabinas, metralhadoras e fuzis. Ele também exibe uma arma de calibre 50, que derruba aeronaves.
Iuri foi preso pela polícia e, em depoimento, revelou que o patrão conseguiu escapar porque foi avisado da operação da PF. Atualmente, Dom está foragido e na lista de difusão vermelha da Interpol.
Também conhecido como “Motinha”, Dom é da terceira geração de uma família que enriqueceu com o tráfico de drogas e o contrabando na fronteira entre Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
O “clã Mota” é composto pelo pai Antônio Joaquim da Mota, o Tonho, e o filho Dom, além da irmã Cecyzinha Mota, e a mãe Cecy Mota, investigadas por lavagem de dinheiro. A família tem relações próximas com outros líderes do narcotráfico.
Afinal, quem é Antônio Joaquim Mota?
Antônio Joaquim Mota, conhecido como “Motinha” ou “Dom”, é o líder de uma organização criminosa paramilitar chamada “clã Mota”. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o grupo conta com paramilitares estrangeiros e brasileiros com experiência em conflitos internacionais.
“O Poderoso Chefão”. De acordo com informações da Polícia Federal, o apelido “Dom” seria uma referência a Dom Corleone, o conhecido chefe da família criminosa da trilogia “O Poderoso Chefão”.
O “clã Mota” estaria há mais de 70 anos atuando no crime. Antes de se especializar no tráfico internacional de drogas, a organização já atuou no contrabando de café, aparelhos eletrônicos e cigarros. Essa é a terceira geração da organização.
O grupo investigado se especializou no tráfico de cocaína, segundo a CNN. A droga viria da Bolívia e da Colômbia, seria transportada de avião ao Paraguai, seguiria de helicóptero para São Paulo e para o Paraná e, por fim, despachada nos portos de Santos (SP) e Itajaí (SC).
Mota já foi preso em 2019, ainda de acordo com a CNN. Na época, em decorrência da fase El Patrón da operação Lava Jato, a PF descobriu que a organização havia ocultado US$ 20 milhões (cerca de R$ 95,5 milhões). Ele movimentaria mais de R$ 3 bilhões anualmente.
O que aconteceu:
Na sexta-feira (30), uma operação conjunta envolvendo a Polícia Federal e autoridades paraguaias foi realizada com o objetivo de capturar Antônio Joaquim Mota. As ações ocorreram tanto em Ponta Porã, no estado de Mato Grosso do Sul, quanto em Pedro Juan Caballero, no país vizinho.
Dias antes da operação, porém, a PF apontou que um vazamento de informações permitiu que ele fugisse de helicóptero de sua fazenda no Paraguai. Ainda assim, seis membros da organização criminosa foram presos.
A PF descobriu também que o grupo possui grande poder bélico. Entre os itens, estão granadas, fuzis, coletes balísticos, drones e óculos de visão noturna. O armamento de grosso calibre conta até com uma .50, capaz de perfurar blindagens e derrubar aeronaves.
A operação foi chamada de Magnus Dominus (Todo Poderoso, em latim). De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a Justiça Federal expediu 11 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão contra nove brasileiros, um italiano, um romeno e um grego em uma operação policial simultânea em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Defesa
A defesa de Iuri Gusmão disse que acompanha os fatos para garantir a proteção dos direitos à ampla defesa do investigado.
O advogado do pai de Dom afirmou que a família está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos para o restabelecimento de sua honra e, ainda, que não teve todo acesso ao conteúdo investigado e, por isso, não pode esclarecer os fatos noticiados pela imprensa.