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quinta-feira 8 de agosto de 2024 às 14:42h

Titan: tripulação sabia que ia morrer antes da implosão e viveu esse “terror”, argumenta processo judicial

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A família de uma das vítimas mortais da tragédia no submersível Titan interpõe ação judicial por negligência grave contra a OceanGat. Processo revela novos detalhes sobre o acidente. E uma nova tese
Paul-Henri Nargeolet era um dos passageiros do submersível Titan que implodiu em junho de 2023 durante uma expedição ao local do naufrágio do Titanic no Atlântico Norte. Pouco mais de um ano depois, a família do explorador francês entrou com uma ação judicial contra a OceanGate – empresa proprietária do submarino – e exige mais de 50 milhões de dólares (47 milhões de euros) por negligência grave. Este processo traz novas revelações sobre o incidente que vitimou as cinco pessoas a bordo do submersível. Os queixosos argumentam que, ao contrário da teoria que então prevaleceu, a tripulação soube que iria morrer e, por isso, alegadamente viveu esse “terror e angústia mental”, informa a Associated Press.

Nargeolet era conhecido como o “Sr. Titanic”: tinha participado em 37 mergulhos e era considerado uma das pessoas que mais sabia sobre o naufrágio do navio.

Os advogado do processo fizeram saber, através de um comunicado, que o “submersível condenado” tinha uma “história conturbada” e que a OceanGate não divulgou factos importantes sobre o Titan e sobre a sua durabilidade. No processo, fica a saber-se que, cerca de 90 minutos após o início do mergulho, o Titan “deixou cair pesos”, o que consideram ser indicador de que tentaram abortar o mergulho.

Alguns especialistas, cujas opiniões também fazem parte da ação judicial, levam os advogados a escrever que “embora a causa exata da falha nunca possa ser determinada, a tripulação terá percebido exatamente o que estava a acontecer”, ou seja, “o bom senso dita que a tripulação estava ciente de que ia morrer, antes de morrer”.

No processo pode ainda ler-se que “a tripulação pode muito bem ter ouvido o ruído crepitante da fibra de carbono ficar mais intenso à medida que o peso da água pressionava o casco. A tripulação perdeu comunicações e talvez também energia. Pelas contas dos especialistas, eles terão continuado a descer, com pleno conhecimento das falhas irreversíveis, vivendo terror e angústia mental antes da implosão final do Titan”, ainda de acordo com as informações reveladas pela Associated Press.

O processo deu entrada na terça-feira (6) em King County, Washington, nos EUA, e o porta-voz da OceanGate recusou a comentar a ação judicial. Segundo o processo, Paul-Henri Nargeolet seria funcionário da OceanGate e membro da tripulação do Titan, mas “muitos dos detalhes relativos às falhas e deficiências do submarino não foram divulgados. Na verdade foram ocultados de forma propositada”, acusam os advogados da Buzbee Law Firm, a sociedade de Houston, no Texas, que tem o caso nas mãos.

Tony Buzbee, um dos advogados no caso, disse, citado pela Associated Press, que um dos objetivos é “obter respostas para a família sobre como tudo exatamente aconteceu, quem esteve envolvido e como eles puderem permitir o que aconteceu”.

A investigação aberta pela Guarda Costeira dos Estados Unidos ainda está a decorrer e tem uma importante audiência pública, que faz parte da investigação, marcada para setembro.

O último mergulho do Titan aconteceu a 18 de junho de 2023. Era um domingo. O submersível perdeu contato com a sua embarcação de apoio cerca de duas horas depois. O caso correu mundo e os destroços do Titan foram encontrados no fundo do oceano a cerca de 300 metros da proa do Titanic.

O CEO e cofundador da OceanGate, Stockton Rush, estava no Titan quando ele implodiu e é considerado um dos réus pelos advogados. Além de Rush e Nargeolet, a implosão matou o aventureiro britânico Hamish Harding e dois membros de uma importante família paquistanesa, Shahzada Dawood e o filho Suleman Dawood.

O processo atribui a implosão ao “persistente descuido, imprudência e negligência” da Oceangate, Rush e outros. E apesar de reconhecer que Nargeolet morreu ao fazer “o que gostava”, a sua morte – e a morte dos outros membros da tripulação do Titan – “foi injusta”, lê-se no processo.

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