Pessoas próximas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enxergam um “desgaste grave” na demissão do agora ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, após imagens reveladas pela CNN Brasil mostrarem o militar dentro do Palácio do Planalto durante os ataques de 8 de janeiro. Além de considerar o momento inoportuno – o governo acaba de iniciar a negociação do novo arcabouço fiscal no Congresso Nacional-, o time petista vê no episódio um combustível forte segundo Clarissa Oliveira, da Veja, para o discurso da oposição.
Antes mesmo de Gonçalves Dias acatar a recomendação de entregar o cargo, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro já alimentavam a tese de que as imagens indicam uma suposta conspiração, na qual os ataques de 8 de janeiro teriam ocorrido com anuência do próprio governo Lula. O ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira, por exemplo, foi um dos primeiros a puxar o coro nas redes sociais.
O martelo sobre a demissão de Gonçalves Dias foi batido agora à tarde pelo núcleo central do governo, que se reuniu no Palácio do Planalto. A ordem foi responder rapidamente, para estancar a repercussão negativa.
Aliados de Lula ouvidos pela coluna se disseram surpresos com as imagens reveladas pela CNN, nas quais Gonçalves Dias aparece nos corredores do Planalto, enquanto bolsonaristas lideram o quebra-quebra que marcou a depredação dos prédios dos Três Poderes.
Gonçalves Dias, descreveu um petista, não só gozava da absoluta confiança de Lula, como era visto como um quadro “pouco mobilizado”. “Ele não era um cara muito da ativa mais, parecia cansado, coisa da idade”, afirmou um aliado próximo de Lula.