A plataforma de mídia social TikTok desativou um total de 15 campanhas digitais distintas que buscavam moldar o discurso político em países ao redor do mundo, incluindo Estados Unidos, Irã, Alemanha, Venezuela, Equador e Guatemala. Essa informação foi divulgada em um relatório da própria empresa.
O relatório, o primeiro de seu tipo publicado pelo TikTok, revela uma série de operações clandestinas que visavam alterar a opinião pública com conteúdo favorável a vários governos ou partidos políticos.
Dentre as atividades suspeitas, destaca-se uma rede que operava a partir da China e visava indivíduos nos EUA com o objetivo de promover a “política e a cultura” do país asiático através de 16 contas com mais de 110 mil seguidores no total.
“Eles criaram contas não autênticas para ampliar artificialmente as narrativas pró-China, incluindo o apoio às decisões políticas e aos objetivos estratégicos da República Popular da China (RPC)”, declarou a plataforma de mídia social sediada neste país em seu relatório.
No entanto, o relatório do TikTok não confirmou que o governo chinês estava envolvido na operação de influência.
A estratégia utilizada, comum em outros casos, foi criar uma série de perfis com falsos criadores e celebridades dos EUA para construir uma audiência própria.
Essa foi a única tentativa de influenciar os usuários do TikTok nos EUA, já que uma rede separada foi identificada com 65 contas que buscavam amplificar o discurso pró-iraniano através de postagens “relacionadas a viagens e turismo para ganhar seguidores antes de se voltar para questões políticas”, como a guerra na Faixa de Gaza, segundo o TikTok.
A guerra na Ucrânia também foi alvo de algumas dessas operações de interferência: 52 contas com mais de 2,6 milhões de seguidores no total que postaram “conteúdo pró-ucraniano e geraram tráfego fora da plataforma para manipular o discurso” sobre o conflito foram removidas.
Além disso, o TikTok identificou duas redes independentes voltadas para a Venezuela com um alcance potencial de mais de 300 mil usuários entre elas.
A primeira, favorável ao governo de Nicolás Maduro, tentou “manipular o discurso” sobre a disputa territorial com a Guiana pela região de Essequibo, rica em recursos naturais.
A segunda, de maior impacto, operava no Chile e também se focava na “diáspora venezuelana” que vive no país, alternando postagens sobre “a beleza da Venezuela com conteúdo político” favorável a “um candidato venezuelano da oposição”, cujo nome não foi revelado.
Recentemente, o TikTok tem sido objeto de intenso debate sobre sua propriedade e se o governo chinês poderia usá-lo para promover seus interesses políticos e até mesmo influenciar as próximas eleições nos EUA.
No mês passado, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um projeto de lei que pode proibir o TikTok em todo o país se os proprietários do aplicativo, a ByteDance, não o venderem até 2025.
No entanto, a ByteDance entrou com um processo judicial para bloquear o projeto de lei, alegando uma violação da liberdade de expressão de acordo com a Primeira Emenda à Constituição americana.