A diversidade neurológica humana, em vez de estigmatizada, deve ser vista como constitutiva da espécie e levada em conta na organização social. Com esse argumento, o deputado estadual Tiago Correia (PSDB) encaminhou uma indicação ao prefeito de Salvador, ACM Neto, sugerindo a inclusão do símbolo da neurodiversidade na credencial fornecida à pessoa com deficiência.
“A neurodiversidade é uma ideia que afirma que o desenvolvimento neurológico considerado atípico para os padrões atuais e convencionais de normalidade é um acontecimento biológico esperado”, observa o Tiago, no documento apresentado na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).
O parlamentar explicou, ao justificar a indicação, que a pressuposição de uma suposta normalidade neurológica acaba colocando certos grupos divergentes – dentre os quais costuma-se destacar o grupo de autistas, mas não apenas esse, já que o termo inclui também outras condições neurológicas como o déficit de atenção, os transtornos de humor, a dislexia, a hiperatividade, entre outras – como minoria em termos de poder, representatividade e acesso social.
De acordo com Tiago Correia, o conceito de neurodiversidade foi desenvolvido pela socióloga australiana Judy Singer nos anos 90 e, recentemente, ganhou repercussão através de ativistas como Amy Sequenzia, Ido Kedar e Nick Walker (os dois primeiros são autistas não verbais). Aqui no Brasil, acrescentou ele, o conceito ainda vem engatinhando com o ativismo de autistas adultos como Rita Louzeiro, Amanda Paschoal e Fernanda Santana – presidente da Organização Nacional Abraça e a maior e talvez única referência brasileira nesse sentido de protagonismo dos autistas no ativismo pelos próprios direitos.
“É importante destacar que a neurodiversidade objetiva combate a ideia de que a pessoa no espectro autista é a única que precisa de tratamento em contextos sociais e familiares que envolvem uma gama de questões não apenas ligadas a um transtorno mental, mas sim a toda a complexidade da vida humana e de suas relações”, concluiu o deputado.