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segunda-feira 3 de junho de 2024 às 10:27h

Tesouro Direto: Cresce a procura por títulos de inflação (IPCA+); vale a pena investir?

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Os títulos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA foram os favoritos dos investidores durante o mês de abril, segundo o Tesouro Nacional. Os títulos IPCA+ representaram segundo Matheus Almeida, da IstoÉ Dinheiro, 49,2% dos investimentos no Tesouro Direto no mês. Na sequência, ficaram os papéis atrelados à Selic (37,4%) e, por fim, os prefixados (13,3%).

Especialistas ouvidos pela IstoÉ Dinheiro afirmam que essa maior procura por papéis atrelados à inflação é explicada pela maior preocupação com a situação das contas públicas e pelo cenário externo, que elevaram o prêmio pago pelo título IPCA+.

“As taxas superaram a marca de 6%, um gatilho muito importante para os investidores”, afirma head de renda fixa da Faz Capital, Filipe Arend. O analista destaca ainda que a expectativa em relação à inflação também aumentou nas últimas semanas, “o que reflete na mídia e aumenta a procura por investimentos que protejam o patrimônio do investidor.”

“Os papeis em IPCA garantem um juro real acima da inflação”, lembra o sócio e diretor de risco e compliance da Fundamenta Investimentos, Moisés Jardim. “Quando há dúvidas em relação ao controle fiscal pelo governo, estes juros reais sobem.”

Em abril, houve títulos disponibilizados que pagam rendimento de 6% ou 8%, além da inflação. “CDI ao longo do tempo, Ibovespa, diversos indexadores, diversas carteiras de ativos, a gente vê que dificilmente batem IPCA+6%”, comenta o gestor de recursos CGA do Grupo Fractal, Túlio Menezes.

Felipe Martins Passero, CFA e sócio da InvestSmartXP, diz que dois fatores foram responsáveis pela alta dos rendimentos dos títulos IPCA+: as preocupações com a situação fiscal do governo brasileiro e o anúncio pelo Federal Reserve de que os juros estadunidenses permanecerão em um patamar elevado por mais tempo que o inicialmente previsto.

Em abril, a maior parcela de vendas se concentrou nos títulos com vencimento entre 1 e 5 anos, que alcançaram 42,2% do total. As aplicações em títulos com vencimento acima de 10 anos representaram 32,8%, enquanto os títulos com vencimento de 5 a 10 anos corresponderam a 25,1% do total.

Rentabilidade no mês

Os dados divulgados pelo Tesouro Direto referentes à rentabilidade dos papéis no mês também chamam atenção. Apenas os títulos Selic 2027 e Selic 2029 tiveram variação positiva.

Arend lembra que os títulos prefixados e atrelados à inflação do Tesouro Direto estão sujeitos à marcação a mercado, ou seja, a serem negociados com valores variados com base no mercado atual.

“Quando há um aumento na curva de juros futura, como foi visto, os papéis já emitidos se ajustam, perdendo seu valor atual”, afirma Moisés Jardim. Os impactos da “yeld curve” derivam justamente do risco fiscal e do cenário externo, mencionados anteriormente. “A gente tem visto as taxas de juros do mercado futuro elevar todos os vértices”, concorda Túlio Menezes.

É importante lembrar, no entanto, que a perda só se confirma caso o investidor resolva se desfazer do título antes do vencimento. Caso opte por manter o investimento, o valor recebido na expiração será exatamente a rentabilidade contratada no momento da aplicação.

Investidores com menos de 15 anos

Outro ponto de destaque nos dados de abril do Tesouro Direto foi o percentual de 3,7% de investidores com idade inferior aos 15 anos. A fatia, apesar de ainda baixo, representa um crescimento em relação ao 1% investido por esta faixa etária em março.

Para os analistas, o avanço da presença destes jovens no Tesouro demonstra o impacto dos novos títulos temáticos, o Educa+, focado no pagamento da educação, e o Renda+, voltado para aposentadoria.

“Esses novos títulos que surgiram tem fundamentado ainda mais a educação financeira, e surgem como alternativa aos meios tradicionais de previdência”, destaca Menezes.

“Em grande parte dos casos, as aplicações desta parcela dos investidores são administradas pelos pais, com o objetivo de criar poupança de longo prazo para os filhos”, diz Arend.

Apesar da aceleração do crescimento de uma nova faixa etária, Passero comenta que a maior parte dos investidores do Tesouro Direto permanece pertencente a um mesmo grupo: homens (73,4%), com idade entre 26 e 45 anos (57,5%) e moradores do sudeste (52,3%).

Como funciona o Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um investimento que permite que o cidadão empreste dinheiro ao governo, recebendo em troca uma remuneração. Ela pode ser atrelada à inflação ou à Taxa Selic, ou então pré-determinada no momento da compra do título.

Os papéis têm prazo de vencimento, mas o investidor pode resgatar o dinheiro antes dele. Para isso, no entanto, ele fica sujeito às flutuações do preço do papel no mercado – ou seja, pode resgatar seu dinheiro com rentabilidade, mas também pode perder. Já se o investimento for levado até o final do prazo, a remuneração segue o estabelecido pelo tipo de título no momento da compra.

O Tesouro Direto é considerado um investimento conservador, indicado por especialistas a investidores que têm baixa tolerância a risco.

Em abril, o total de investidores ativos no Tesouro Direto, isto é, aqueles que atualmente estão com saldo em aplicações no Programa, atingiu a marca de 2,58 milhões, um aumento de 33.774 investidores no mês.

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