A grande novidade das últimas pesquisas presidenciais é a ausência de grandes novidades. Conforme artido de Josias de Souza, colunista do UOL, os candidatos sem voto se esforçam para ajustar a moldura. Mas a foto produzida pelas sondagens eleitorais exibe a mesma paisagem imutável. Lula, a despeito do enorme passado que tem pela frente, lidera com folga. Bolsonaro, apesar de estar sob bombardeio generalizado, conserva um nível de intenção de votos que mantém viva a perspectiva de levar a disputa para o segundo turno.
A eleição deixou de ser um ponto longínquo no calendário. Ainda é cedo, porém, para fazer prognósticos categóricos. A oito meses do dia do encontro com a urna, o eleitor está bocejando e andando para a corrida presidencial. Afora os políticos, os jornalistas e os fanáticos pouca gente se interessa verdadeiramente pelo tema. No momento, o que mais chama a atenção é a incapacidade dos candidatos que se oferecem como alternativas a Lula e Bolsonaro de chamar a atenção.
Não é que os presidenciáveis alternativos tenham dificuldades para chegar ao eleitorado. A questão é que eles não conseguem entusiasmar nem os seus próprios partidos. O Podemos imaginou que poderia muito com Sergio Moro. Estimava que o candidato escalaria os dois dígitos nas pesquisas até fevereiro. Não decolou. Ciro Gomes convive com a ansiedade de candidatos do PDT a governos estaduais para escancarar os seus palanques para Lula.
Vencedor das prévias do PSDB, João Doria ganhou a candidatura. Mas não levou o partido. Simone Tebet é mais popular no ninho tucano do que no seu MDB. Alessandro Vieira se queixa de não ter recebido um mísero tostão do Cidadania para estruturar algo que se pareça com uma pré-campanha. A candidatura de Rodrigo Pacheco morreu antes de nascer. Presidente do PSD, Gilberto Kassab enviou coroa de flores a Pacheco no instante em que passou a tratar o tucano Eduardo Leite como Plano B.
Contra esse pano de fundo, a chamada terceira via vai ganhando a aparência de um grande acostamento.