Uma nova pesquisa das universidades Harvard, Stanford e de Nova York, todas nos Estados Unidos, dá uma dica valiosa a quem deseja ascender socialmente: fazer amigos ricos. Usando uma base de dados de mais de 72 milhões de usuários do Facebook, todos com idades de 25 a 44 anos, a análise concluiu que crianças pobres que crescem em torno de filhos e pais mais ricos estão propensas a ganhar salários mais altos ao longo da vida.
Publicado na revista Nature em 1º de agosto, o estudo descobriu que se a criança de uma família de baixo nível socioeconômico vive em uma área onde 70% de seus amigos são ricos, sua renda adulta aumenta em média 20%.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores usaram dados da rede social da Meta e analisaram 21 bilhões de amizades online. Fatores como renda e histórico familiares, escolaridade, ocupação, bairro e até modelo do celular foram levados em conta na análise.
De acordo com o jornal The New York Times, os pesquisadores também conseguiram vincular quase 20 milhões de usuários tanto aos amigos do ensino médio quanto a seus pais no Facebook. Usando esses laços, eles repetiram a análise, desta vez com conexões do ensino médio entre filhos de pais ricos e pobres, para medir o impacto dos relacionamentos feitos no início da vida.
No final, a conectividade econômica foi a única medida de capital social que se correlacionou fortemente com a mobilidade ascendente da renda. Ainda assim, o mesmo estudo também aponta que cruzar a divisão de renda para fazer amigos parece ser muito raro nos Estados Unidos: as crianças tendem a se relacionar com outras da mesma idade que vêm de classes semelhantes.
Assim, se uma pessoa tem a tendência de formar amizades apenas com pessoas de seu próprio grupo socioeconômico, intervenções como moradia acessível ou taxas de aceitação universitárias diversas podem não ser suficientes para melhorar a desigualdade de renda.
Os pesquisadores pontuam que essas iniciativas podem ter melhores resultados se promoverem conexões entre pessoas de diferentes origens, dando-lhes oportunidade de formar amizades. “As pessoas interessadas em criar conectividade econômica devem se concentrar igualmente em fazer com que pessoas com diferentes rendas interajam”, recomendou o economista Johannes Stroebel, da Universidade de Nova York, ao The New York Times.