O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) disse em entrevista a GloboNews, que os votos de seu partido não totalmente alinhados à posição do governo Lula não significam que legenda deixou de apoiá-lo. “O PSOL é base do governo, seguirá sendo base do governo (…), não dá pra fazer tempestade em copo d’água”, afirmou.
O PSOL votou em conjunto contra o pedido de urgência na tramitação do projeto da nova regra fiscal, por considerar o texto do relator Claudio Cajado (PP-BA) pode diminuir “a capacidade de investimento, a margem de manobra do próprio presidente pra governar e cumprir seu programa de governo”.
“Uma coisa foi o texto enviado pelo [ministro da Fazenda] Fernando Haddad, outra coisa foi o relatório do deputado Cajado. Nós temos sérias críticas e grandes preocupações em relação ao relatório”, afirmou.
Ele também mencionou o voto contrário do PSOL à chamada PEC da Anistia, que libera de punições os partidos que descumpriram as cotas de recursos para mulheres e negros nas últimas eleições, assim como aqueles que cometeram irregularidades nas prestações de contas.
Quando você anistia o descumprimento das cotas pelos partidos, às vezes com candidaturas ‘laranja’ ou por qualquer outra razão, você está dando salvo conduto de que essa lei não deve ser levada a sério, de que essas cotas não precisam ser cumpridas”, disse.
Cassação de Dallagnol
Boulos afirmou acreditar que não há movimentação política para devolver o mandato de deputado federal a Deltan Dallagnol (Podemos), cassado na terça-feira (16) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que avaliou que houve irregularidade em sua exoneração do cargo de procurador da República enquanto ainda respondia a processos disciplinares internos.
“Ficou visível naquela coletiva que ele deu que apoio que ele tem é apenas dos bolsonaristas”, disse o deputado, citando a presença de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF) em entrevista que Dallagnol concedeu ao blog da Andréia Sadi, um dia após ser cassado.
Boulos classificou como irônico o fato de Dallagnol alegar ser alvo de perseguição judicial, relembrando o “PowerPoint da Lava Jato” e as revelações da operação Spoofing. “Um dia é da caça, outro do caçador”, disse.