A ministra do Planejamento, Simone Tebet, tomou posse em cerimônia concorrida no Palácio do Planalto na manhã desta quinta-feira. Ela iniciou seu discurso dizendo que este é o governo “do PT e da frente ampla”:
— Gratidão é a palavra que gostaria que ficasse registrada como a primeira que sai da minha boca, mas especialmente do meu coração e da minha alma nesse momento. Gratidão a deus por viver esse momento, ao presidente Lula pela confiança absoluta por entregar a mim uma das pastas mais importantes e relevantes do seu governo, do nosso governo, do governo do PT e da frente ampla.
Terceira colocada na corrida presidencial em 2022 representando a terceira via, foi aliada importante para a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno e coordenou os trabalhos na área social durante a transição. Apesar de ter sido cotada para a pasta do Desenvolvimento Social, acabou na área econômica para ser um contraponto mais liberal em relação a outros nomes como o de Fernando Haddad (Fazenda) e Esther Dweck (Gestão). As informações são de Fernanda Trisotto, Jeniffer Gularte e Alice Cravo, do O Globo.
Em seu discurso de posse, ao lado de diversos colegas, Tebet reforçou que tem pensamento “discordante” do PT nos temas econômicos, mas ela disse que Lula a convidou para o ministério justamente para isso, pois governo democrático tem que ter pessoas que pensam diferente. Tebet disse que foi surpreendida com o convite para o ministério do Planejamento, porque esta é uma área em que ela tem divergências em relação ao PT:
― A minha surpresa foi dupla. Primeiro porque fui escolhida para ser ministra, um pedido do presidente. Segundo que parei em uma pauta que tenho algumas divergências. Tenho total sinergia na pauta social e de costumes. Fui parar na área econômica.
Como chefe do Planejamento, Tebet vai comandar as decisões em torno do Orçamento do governo federal e também a gestão de importantes empresas públicas, como o IBGE e o Ipea.
Tebet desceu para a cerimônia acompanhada do vice, Geraldo Alckmin. Atrás, caminhava o ministor da Fazenda, Fernando Haddad. A economista Elena Landau, que coordenou a parte econômica da campanha à presidência da emedebista, também acompanhava. Estão presentes na cerimônia o ex-presidente José Sarney, as ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente).
Da equipe econômica de Haddad, o secretário especial de reforma tributária, Bernard Appy, está no local. Entre os parlamentares, o senador Paulo Rocha (PT-PA), os deputados Isnaldo Bulhões (líder do MDB) e Reginaldo Lopes (PT-MG).
Para isso, trabalhará com muita proximidade com Haddad, em um quadro peculiar: se as divergências entre os chefes da Fazenda e Planejamento são comuns, nesta gestão ganham mais relevância porque ambos são presidenciáveis e farão o possível para ganhar projeção em suas atividades, de olho nas eleições de 2026.
Perfil
Simone Tebet ganhou ainda mais projeção nacional após o bom desempenho na disputa presidencial de 2022. Senadora, ela teve destaque durante a CPI da Covid, em que contestou com veemência medidas do governo federal, entre elas o atraso na compra das vacinas contra Covid-19.
Primeira líder da bancada feminina no Senado, que foi criada em março de 2021, também foi a primeira mulher a disputar a Presidência do Senado, em fevereiro do ano passado. Ela perdeu a disputa para o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco.
Tebet é descendente de libaneses e filha do ex-ministro Ramez Tebet, morto em 2006. Seu pai foi governador de Mato Grosso do Sul, senador e presidente do Senado, além de ter comandado a pasta da Integração Nacional na Esplanada.
Ligada ao agronegócio em seu estado, foi deputada estadual, prefeita de Três Lagoas por dois mandatos e vice-governadora. Ela votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.