No último confronto entre os dois, realizado na Band TV, no dia 10 de outubro, o confronto também foi uma extensão da disputa presidencial. Tarcísio não compareceu ao último debate do Estadão, SBT e pool de veículos, no dia 14 de outubro.
No primeiro turno, Tarcísio obteve 9,9 milhões de votos, ou 49,45% do contabilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Haddad recebeu 8,3 milhões de votos, ou 35,7% do total. A mais recente pesquisa Ipec mostrou diferença de três pontos porcentuais entre os dois candidatos, tecnicamente empatados dentro da margem de erro – Tarcísio lidera com 46% das intenções de votos, ante 43% de Haddad.
Marcelo de Moraes: Em debate nacionalizado, Haddad achou em Paraisópolis um flanco para desgastar Tarcísio
Numa discussão que priorizou os temas nacionais em detrimento das questões de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) usaram o máximo de cautela para não cometerem algum erro fatal no último debate da disputa pelo governo estadual, organizado pela Rede Globo. Ambos com perfil técnico, vestidos quase da mesma maneira, Tarcísio e Haddad passaram boa parte da discussão parecendo mais interessados na eleição nacional entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre uma crítica aqui e uma provocação acolá, nenhum candidato tinha conseguido obter uma vantagem clara sobre o adversário. Como terminou o primeiro turno na frente e lidera as pesquisas de intenção de voto no segundo turno, Tarcísio era quem mais tinha a lucrar com um debate morno.
Mas Haddad conseguiu seu melhor momento já perto do final do debate, quando questionou Tarcísio sobre o tiroteio em Paraisópolis e porque foi feito o pedido por um de seus assessores para que o cinegrafista apagasse as imagens registradas no local. O ex-ministro teve dificuldade – e pouco tempo sobrando no relógio – para tratar do assunto. Reclamou que o adversário estava sendo sensacionalista ao trazer a história para o debate e teve problemas para falar sobre o caso.
A pergunta “desarrumou” Tarcísio. Tanto que voltou ao assunto na pergunta seguinte, quando o tema já era sobre geração de empregos. Num debate com audiência relevante e repleto de cautelas de parte a parte, a chance aproveitada por Haddad pode ter ajudado a garantir votos para a sua tentativa de reação.
O colunista do Broadcast Político do Estadão Marcelo de Moraes
Pedro Venceslau: Tarcísio na defensiva
O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) começou o debate na defensiva e teve que assumir a defesa de pontos polêmicos da agenda do presidente Jair Bolsonaro (PL). Já o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) falou poucas vezes o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas insistiu em pontos sensíveis ao adversário, em especial a vacinação.
Durante o debate, Tarcísio recorreu ao antipetismo, citou o “temido” MST e saiu em defesa de Bolsonaro na questão do salário mínimo.
Nacionalizado, o debate em São Paulo foi uma prévia do debate presidencial desta sexta entre Lula e Bolsonaro. Haddad conseguiu explorar pontos sensíveis de Tarcísio, como a proposta de privatização da Sabesp, que foi mal recebida pelos eleitores paulistas em pesquisas qualitativas.
Tathiana Chicarino: Haddad reforça identidade paulista, e Tarcísio cita atuação como ministro de Bolsonaro
Para a cientista política e professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp) Tathiana Chicarino, Haddad apostou no reforço da identidade paulista, lembrando ao eleitor que Tarcísio mudou o domicílio eleitoral recentemente. Segundo ela, o pestista soube usar os recursos de imagem a seu favor, controlar o tempo e, principalmente, a pauta.
Já Tarcísio tentava se desvincular do presidente Jair Bolsonaro, mas sempre recorria aos seus feitos no governo federal, durante o comando do Ministério da Infraestrutura. “Ele tentava se esquivar do Bolsonaro, mas já entrava de novo na pauta, nacionalizando muito a discussão”, afirma Tathiana. Outro ponto contra Tarcísio foi a pergunta de Haddad sobre Paraisópolis, que ele não soube responder.