O governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai fundir duas pastas segundo Artur Rodrigues, da Folha, a de Infraestrutura e Meio Ambiente, com a de Logística e Transportes, formando uma espécie de supersecretaria em seu futuro governo em São Paulo.
A nova pasta, de assuntos ligados à sua atuação como ministro de Jair Bolsonaro (PL), deve contar com um técnico de confiança de Tarcísio no comando.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira (24) na sede do prédio Cidade 1, onde fica a equipe de transição do governador eleito.
O titular da supersecretaria deve ser anunciado nesta sexta-feira (25), assim como o titular da Casa Civil.
O futuro governador afirmou que ambas as pastas possuem sinergias e temas correlatos e, por isso, a fusão. Além disso, haverá uma reorganização das subsecretarias.
Atualmente, a pasta de Logística e Transportes é feudo da União Brasil, que só apoiou Tarcísio no segundo turno.
O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), tenta manter na gestão Tarcísio o espaço que já ocupa com indicações no governo Rodrigo Garcia (PSDB), mas o indicativo da equipe do futuro governador é que seu grupo deve ser desalojado da pasta.
A equipe da transição afirmou que os nomes devem ser técnicos e as indicações não são para “porteira fechada”, isto é, quando os partidos comandam toda a estrutura da pasta.
A ideia é que seja mantido o mesmo número atual de pastas (28, incluindo secretarias extraordinárias), mas pode haver remanejamento de áreas. Tarcísio, por exemplo, prometeu uma Secretaria da Mulher, que hoje não existe.
Até o momento, Tarcísio já anunciou Renato Feder para a Secretaria de Educação e Eleuses Paiva como titular da área da saúde.
Renato Feder tem em seu currículo a atuação em grandes empresas e uma gestão de resultados e embates à frente da Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná.
Já Paiva é ex-deputado federal, médico e tem um perfil pró-vacina e pró-máscaras, diferentemente dos ministros de Bolsonaro na área. Ele é um entre outros integrantes do PSD, partido de Gilberto Kassab, cujo protagonismo na equipe de Tarcísio tem gerado incômodo entre bolsonaristas.
Outros cotados do grupo kassabista para assumir pastas são Guilherme Afif Domingos, coordenador da transição, o vice Felício Ramuth e os ex-secretários municipais na gestão de Kassab na capital paulista Marcelo Branco e Miguel Bucalem.
Bolsonaristas veem a direita conservadora preterida na relação de 105 nomes apresentada para a transição. Para interlocutores de Bolsonaro, a insatisfação da base ideológica não deve atrapalhar Tarcísio, mas suas escolhas deixam claro que a preferência por técnicos em relação a políticos só vale quando se trata de políticos bolsonaristas —não quando se trata de políticos do PSD, por exemplo.
Após alguns aliados reclamarem da sub-representação nos bastidores, Tarcísio afirmou que os partidos podem fazer indicações eventuais de nomes que não estão na lista.
Nesta quinta, Tarcísio passou o dia com trabalhos com a equipe de transição no prédio do centro de São Paulo. Entre outras pessoas, ele se reuniu com o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Carlão Pignatari (PSDB), para tratar da questão do orçamento para o próximo ano.
Tarcísio quer que até a primeira semana de dezembro seja entregue uma peça à Casa com as modificações propostas pelo futuro governo. Isso inclui ajustes para incluir promessas de campanha de Tarcísio e também despesas como o fim do confisco da aposentadoria de quem ganha abaixo do teto, reversão feita pelo governador Rodrigo Garcia.
As mudanças também incluirão o provável aumento de 50% do salário do governador, que deve ser aprovado com objetivo de satisfazer categorias como policiais e auditores fiscais, que têm parte de seus servidores sem reajustes devido ao congelamento do teto desde 2019.
A estimativa é que despesas de R$ 4 bilhões diminuam a capacidade prevista para investimento, que, atualmente, é estimada em mais de R$ 30 bilhões.