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sábado 7 de maio de 2022 às 07:29h

Surto de hepatite é investigado sobre suposta relação com vacinas da Covid-19

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Um surto de casos de hepatite aguda em crianças tem chamado a atenção do mundo pelo fato de ter, até o momento, origem desconhecida. Na última segunda-feira (2), autoridades da Indonésia confirmaram a morte de três crianças.

Segundo a médica gastro-hepatologista Fernanda Sales, numa hepatite comum, essa inflamação é causada por vírus hepatotrópicos, que são aqueles que causam infecção diretamente no parênquima do fígado. Mas existem outras origens possíveis.

“O álcool pode causar hepatite, vírus pode causar hepatite, medicamento pode causar a doença, chá também… várias coisas.. Mas o que sabemos que pode causar hepatite aguda mesmo são os vírus. O que temos de conhecimento é a hepatite A, B, C, D e E, sendo mais comuns as hepatites A,B e C”, detalhou a Alexandre Brochado, do Bahia Notícias.

Mas esse surto, de acordo com a especialista, tem uma peculiaridade que tem intrigado os médicos. “O que chama a atenção nesses casos que têm acontecido pelo mundo é que ocorrem exatamente em crianças de 1 até 10 anos, sendo a maioria até 5 anos, e quando começa a mostrar o quadro clínico que parece uma hepatite em geral, investiga-se o principal vírus e não se acha. Então o motivo que está causando essa hepatite é a grande questão”, explicou a especialista.

De acordo com a médica, na investigação do porquê há hepatite nesses pacientes – já que os principais vírus não foram encontrados -, até 75% das crianças tinham sorologia para adenovírus, mas os especialistas ainda não sabem responder se o adenovírus é a causa ou uma coincidência. Ainda conforme Fernanda, o adenovírus têm “preferência” por um quadro respiratório, como um paciente com pneumonia, ou um quadro intestinal, como o de uma diarreia aguda. Por outro lado, não é comum causar uma hepatite do nível que está sendo visto pelo mundo.

“O que os centros europeus de estudo estão levantando é que pode ter ocorrido uma mutação nesse adenovírus e agora está tendo a predileção pelo fígado, assim causando essas hepatites de uma forma proeminente, ou ele pode ser o cofator, ou seja, você tem o adenovírus e alguma outra infecção que está fazendo com que juntamente com o adenovírus estimule essa agressão no fígado. Ainda não há nenhuma suspeita confirmada, todas são levantamento”, avalia.

Fernanda ainda apontou que a possibilidade de ligação existe, porém, “apesar de ter ocorrido esse ‘boom’ de cento e tantos casos de abril para cá, são relativamente poucos casos para se conseguir fazer uma relação causa efeito e ter estudo suficiente para poder estabelecer o que está causando”.

Em relação ao que tem sido questionado sobre a eventual associação desses quadros de hepatite com a vacinação, a especialista informa que tanto o imunizante contra Covid-19 como também o contra o adenovírus não têm nenhuma confirmação de associação com a infecção. Segundo ela, na verdade, o que foi visto é que as crianças afetadas sequer contemplavam a faixa etária de vacinação no Reino Unido ou nos países da União Europeia.

Outra observação apontada pela médica foi que a grande maioria dos pacientes teve uma evolução normal em comparação às outras hepatites, mas proporcionalmente falando, esses pacientes têm tido um avanço mais grave do que aqueles com uma infecção comum da hepatite. “Os pacientes com hepatite A podem evoluir para uma hepatite fulminante, mas não com tanta frequência ou como tem acontecido nesses casos pelo mundo”, ressaltou.

Por não se saber o motivo da causa dessa hepatite aguda, é difícil dizer ao certo como prevenir, mas de uma forma geral de transmissão, como do vírus da hepatite A, ou até mesmo do adenovírus, Fernanda recomenda: “O primordial é manter as mãos bem higienizadas, lavar bem os alimentos, evitar contato com pacientes que estejam com sintomas semelhantes e, principalmente, tomar a vacina. Apesar de nesse caso não haver vacina, pois não se sabe o que está sendo o agente, sabemos que as vacinas para hepatite A e B estão aí tranquilamente disponíveis de acordo com o calendário vacinal”.

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