terça-feira 19 de novembro de 2024
Foto: Marcello Casal / Ag. Brasil
Home / DESTAQUE / ‘Supremo acabou perdendo força e legitimidade’, diz Moro
segunda-feira 20 de junho de 2022 às 06:09h

‘Supremo acabou perdendo força e legitimidade’, diz Moro

DESTAQUE, JUSTIÇA, NOTÍCIAS


Ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro iniciou o ano de 2022 como um celebrado pré-candidato à Presidência pelo Podemos. Nos últimos meses, no entanto, trocou de partido, perdeu a posição de presidenciável em sua nova legenda, o União Brasil, e ainda sofreu derrota da Justiça Eleitoral conforme o jornal O Estado de S. Paulo, que o impediu de concorrer por São Paulo. Agora volta ao Paraná, seu Estado natal, por onde deve concorrer a deputado federal. Ao Estadão Moro comenta as declarações dos ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes sobre a Lava Jato e afirma que o Supremo Tribunal Federal perdeu “força e legitimidade” perante a opinião pública.

Por que o sr. não recorreu ao TSE para manter o domicílio eleitoral em São Paulo?

Fizemos uma avaliação de que poderíamos ser bem sucedidos. A transferência de domicílio tinha amparo na jurisprudência e resoluções do TSE, mas correríamos o risco de ficar num limbo jurídico. Não foi negativo para mim voltar ao Paraná. É a minha terra.

Sua mulher, Rosângela, que manteve o domicílio em São Paulo e pode concorrer a deputada federal, não corre o mesmo risco?

Não, porque nós temos amparo jurídico. Foi tudo feito com acompanhamento do advogado e margem de segurança. O julgamento do TRE foi uma surpresa. A transferência do domicílio dela nem sequer foi impugnada.

Vê motivação política do TRE-SP?

Respeito o tribunal, mas discordo da decisão. Os próprios juízes falam que estavam inclinados a mudar a jurisprudência consolidada do TSE. É uma pena que tenham escolhido esse caso para proferir a decisão. Mas sou uma pessoa institucional. Não vou brigar ou atacar as instituições.

Vai usar dinheiro do fundo eleitoral na campanha?

Sim. O fundo foi criado por lei. Podemos até ter críticas, mas, se ele existe e não usarmos isso, nos deixaria em desvantagem em relação a concorrentes.

O sr. faz alguma autocrítica por seu projeto presidencial ter fracassado?

Não creio que eu tenha errado. Fiz tudo que eu podia para que a candidatura fosse bem sucedida. Talvez eu tenha superestimado a candidatura dentro de um partido que tem seus méritos, mas com estrutura menor, que é o Podemos. Mas outros também não foram bem sucedidos. Infelizmente essa polarização, que é uma cegueira do País, foi se acentuando. Nenhuma candidatura da terceira via conseguiu se destacar até o momento.

Como avalia a liderança de Lula nas pesquisas?

Um grande erro. Um grande risco colocar alguém que foi condenado por corrupção em três instâncias e foi beneficiado por um erro judiciário numa posição dessa e com perspectiva de poder.

O ministro Luiz Fux, sobre a Lava Jato, disse que a anulação foi formal e houve corrupção. O ministro Gilmar Mendes, por sua vez, afirmou que a ocorrência da corrupção é indiscutível, mas não se combate o crime praticando crime. Esta ideia se consolidou como saldo da operação?

Ninguém praticou nenhum crime para condenar ninguém. Nós éramos competentes para julgar aquele caso. O Supremo mudou sua jurisprudência dizendo que era da Justiça Eleitoral e anulou o caso. Culpar os procuradores e juízes que fizeram seu trabalho é um absurdo. É fazer o jogo dos que querem a impunidade dos poderosos. Existe essa mudança de discurso porque os poderosos que cometeram crimes não têm como justificá-los.

O Centrão elabora no Congresso uma PEC que prevê a derrubada de decisões não unânimes do Supremo ou quando o Legislativo entender que elas extrapolam o limite Constitucional do Poder Judiciário…

É um erro uma PEC dessa natureza. Ela foi gerada porque há um desgaste do Supremo Tribunal Federal. Historicamente falando, os melhores momentos do STF foram o mensalão e durante a Lava Jato, quando ela era apoiada pelo Supremo. Depois, com a ressalva de que há ministros que sempre defenderam o combate à corrupção, decisões começaram a ser maiorias que enfraqueceram o combate à corrupção. O STF acabou perdendo força e legitimidade frente à opinião pública. Isso favorece a apresentação de propostas dessa espécie.

No meio político há uma avaliação de que o sr. precisa de imunidade parlamentar e por isso é candidato.

Busco mandato para continuar defendendo as minhas bandeiras. Sempre fui contrário ao foro privilegiado. Não sigo esse caminho na busca de privilégios.

Veja também

Flávio Bolsonaro sobre plano contra Lula, Alckmin e Moraes: Pensar em matar alguém não é crime

O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e senador, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), escreveu em seu …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!