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domingo 12 de dezembro de 2021 às 09:21h

Sul da Bahia vive a pior enchente dos últimos 35 anos

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Duas barragens rompidas, pontes submersas, estradas desmoronadas, pessoas desabrigadas, animais mortos desaparecidos, casas inundadas. Em pouco mais de uma semana de chuvas intensas, a força da correnteza arrastou tudo o que havia pela frente no sul da Bahia, nesta que vem sendo considerada a pior enchente desde o ano de 1986.

Todos os eventos estão fartamente documentados por fotos e vídeos feitos por moradores e publicadas nas redes sociais.

“Faz 35 anos que não se vê nada parecido por aqui”, declara o prefeito de Camacan, Paulo do Gás (Podemos), 47. Ele trabalha para tapar uma cratera de 4 m de profundidade e 9 m de largura no km 21 da estrada que dá acesso à região de Nanci, uma comunidade de 2.000 pessoas que estão isoladas.

Devastação em Canavieiras

A imagem de um ônibus circulando pela rodovia BA-001 cercada de água por todos os lados na página @amocanavieiras do Instagram é um dos retratos mais desoladores e fiéis do atual estado de devastação na área.

Canavieiras foi uma das cidades mais afetadas, sobretudo na zona rural. “O cálculo que se faz aqui é de que até o momento os fazendeiros já perderam mais de 200 cabeças de gado na região”, diz o ex-vereador Ricardo Dantas.

Os animais foram arrastados ou morreram afogados no pasto. A água está baixando lentamente, mas isso não significa que o pior já passou.

Um comunicado conjunto da prefeitura e da Defesa Civil Municipal alerta as populações ribeirinhas a buscarem abrigo em locais seguros, uma vez que as comportas da barragem de Itapebi tiveram de ser abertas porque a barragem atingiu o volume útil. A barragem de Itapebi tem 120 m de altura e foi construída em 2004 na cidade homônima, no extremo sul baiano.

Em Itamaraju, professores se articulam para ajudar alunos isolados. Em Jucuruçu, imagens aéreas registraram o estrago provocado pelas tempestades. A cidade foi tomada por lama e 500 famílias ficaram desabrigadas.

Ponte liberada e rodovias interditadas

Depois de mais de 30 horas interditada, o trecho da BR-101, que liga Eunápolis a Itabela, no extremo sul, foi liberado no final da manhã de ontem após uma análise de segurança das condições estruturais da ponte pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Desde sexta-feira, sem poder passar, caminhoneiros formaram uma longa fila na BR-101, logo depois da entrada de Eunápolis. A ponte ficou completamente alagada, e por isso o trecho foi interditado.

Outros dois trechos interditados da BR 101 também foram liberados na tarde de ontem: no km 811, em Itamaraju, e no km 460, em Uruçuca.

Na BR 420 ainda há dois trechos interditados. E, Jiquiriça, permanece a interdição total da pista no km 264 devido ao desabamento de parte da ponte que liga os municípios de Jiquiriçá e Mutuípe (ligação entre BR 116 e 101).

No km 259, local em que as águas irromperam o aterro de encontro do pontilhão, a interrupção é total. Equipes do DNIT preveem que a pista seja liberada até o fim do dia de hoje.

Perdas em terra indígena

Na Terra Indígena Caramuru-Paraguaçu, que abrange áreas dos municípios de Itaju do Colônia, Camacan e Pau Brasil, a população da aldeia pataxó hã hã hãe também se queixa da perda das roças e de animais. “Os porcos e as galinhas desapareceram. A água levou tudo”, diz o cacique Flávio Trajano.

O principal desafio da aldeia agora é romper com o isolamento provocado pela destruição quase que completa da estrada de 23 km que liga a sede do município de Pau Brasil à localidade da aldeia onde vive, conhecida como Água Vermelha, onde residem 240 famílias.

Sem estrada, o caminhão-pipa que abastece a comunidade está impedido de chegar, e os indígenas estão bebendo água da chuva. “Ontem a Prefeitura de Pau Brasil mandou uma máquina pra dar uma amenizada em um trecho que estava mais crítico, mas só quem mora do outro lado do rio pode passar a pé ou de moto, de carro não passa.”

Sudoeste do estado e Chapada Diamantina também foram castigados

Além do sul e do extremo sul, as chuvas também causaram estragos em outras regiões do estado.

No sudoeste, duas barragens de pequeno porte romperam em Apuarema. A cidade ficou alagada e muitos moradores tiveram de deixar as suas casas. A maioria dos 243 desabrigados residia no Bairro Vermelho. Eles estão alojados no colégio Aurino Nery.

“Estamos trabalha

apuarema, bahia, chuva - Tv Globo / Reproducao - Tv Globo / Reproducao
Forte chuva em Apuarema Bahia. exato momento quando uma represa se rompe. Imagem: Tv Globo / Reproducao

ndo junto com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil para evitar que outras barragens ameaçadas também se rompam em Jaguaquara, Barra da Estiva e Itaquara”, revela Paulo Luz, do Inema (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) de Vitória da Conquista.

As chuvas também castigaram a Chapada Diamantina.

Em Lençóis, o alagamento deixou desabrigados, que foram alojados na Casa Paroquial. “As ruas da cidade estão enlameadas e uma parte da vegetação bloqueou a estrada, uma casa desabou, mas felizmente ninguém se feriu”, relata o Padre Vagne Vagne Alves da Gama, 54.

Autoridades planejam sobrevoo sobre áreas atingidas

O governador Rui Costa (PT), prometeu fazer um sobrevoo de helicóptero nos municípios do sul mais afetados pelas chuvas na manhã deste domingo (12).

O presidente Jair Bolsonaro também marcou um sobrevoo, para este domingo, logo mais às 10h.

Isso se o tempo permitir. O InMet (Instituto Nacional de Meteorologia) publicou um alerta de que até as 11h deste domingo está prevista a incidência de 30 mm até 100 mm de chuva numa área que abrange, além do sul e extremo sul baianos, o Vale do Mucuri e norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e centro sul da Bahia.

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