Se fosse hoje a votação do nome de André Mendonça para próximo ministro do STF, na vaga que vai ser aberta com a aposentadoria no dia 12 de Marco Aurélio Mello, o atual advogado-geral da União seria reprovado, conforme a coluna de Guilherme Amado. Ainda segundo o colunista, isso seria a primeira vez desde 1894, no instável governo de Floriano Peixoto.
Mendonça nunca teve nenhum problema pessoal com nenhum senador. O problema é outro.
A maioria dos senadores defende que se mantenha a atual guinada garantista do STF — que teve na anulação das condenações de Lula e na decretação da suspeição de Sergio Moro o seu ápice, mas que ainda terá muitos outros capítulos. Esse grupo, formado por senadores de oposição e governistas, da direita e da esquerda, lembra bem do passado lavajatista do atual AGU.
Mendonça sempre foi um servidor público que empunhou a bandeira a repressão a crimes de colarinho branco e em especial a necessidade de responsabilizar empresas por práticas ilegais. A avaliação dos senadores é que ele no STF se esforçaria para voltar a ter voz entre os agentes empenhados no combate à corrupção — como ele mesmo foi no passado.
No STF, ele teria portanto um alinhamento à ala formada por Edson Fachin, Luís Fux, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e, ocasionalmente, por Cármen Lúcia. Ter mais um ministro punitivista no STF é tudo o que esses senadores — e o próprio Flávio Bolsonaro, acusado de liderar uma organização criminosa — não querem.
Mas como nem a indicação ainda foi feita, ainda tem muita água para rolar. André Mendonça terá que gastar muita sola de sapato e Jair Bolsonaro gastar muitos cargos e emendas.