O Supremo Tribunal Federal (STF) intimou, nesta quinta-feira (7), o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), para prestar informações sobre uma suposta polícia paralela criada pelo governo mato-grossense para perseguir jornalistas que denunciam o Executivo estadual. Uma reclamação constitucional foi ajuizada na corte no dia 22 de fevereiro por dois jornalistas alvos da suposta “polícia paralela”.
A decisão da ministra Cármen Lúcia também anulou uma decisão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso que determinou uma busca e apreensão contra dois jornalistas que publicaram denúncias contra o governador Mauro Mendes.
A reclamação constitucional ajuizada no STF disse que os jornalistas Alexandre Aprá e Enock Cavalcanti tiveram seus computadores e celulares apreendidos pela Polícia Civil do Mato Grosso por decisão da Justiça. Os dois foram alvos de um inquérito da corporação, no qual foram alegados crimes de calúnia, ameaça e associação criminosa.
Além do inquérito contra Aprá e Cavalcanti, a Polícia Civil do MT abriu mais 16 inquéritos, segundo a reclamação enviada ao STF, contra outros profissionais de imprensa.
O caso também foi apresentado, na última sexta-feira (1º/3), ao secretário Nacional de Justiça, do Ministério da Justiça, Jean Uema.
O Ministério da Justiça, então, decidiu criar um grupo de trabalho para acompanhar a situação dos jornalistas no Mato Grosso. O grupo terá participação da Secretaria de Comunicação do governo federal, da Secretaria Nacional de Justiça, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), do Instituto Vladimir Herzog e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Procurado pela coluna para se manifestar sobre as acusações da criação de uma polícia paralela para perseguir jornalistas que o denunciam, Mauro Mendes disse: “Isso é uma mentira, sem qualquer lastro na verdade”.