No mês dedicado às mulheres, a empresária Luiza Helena Trajano, atual presidente do Conselho do Magazine Luiza e fundadora do Grupo Mulheres do Brasil, desembarcou em Salvador nesta última segunda-feira (4) para participar segundo reportagem de Larissa Almeida, do jornal Correio, da celebração do acordo entre o grupo e o Banco Master, que visa o apoio às ações voltadas para protagonismo e valorização da mulher. No evento, ela analisou as mudanças ocorridas no empreendedorismo e apontou a adequação da liderança feminina para comandar a ‘gestão orgânica’ que domina o mercado.
“Antigamente, as administrações eram muito mecânicas. Eles não entendiam se as pessoas estavam felizes ou não, não queriam saber se tinha igualdade ou se não tinha. O que mandava era o lucro final. Só que desde 1995 nós estamos mudando isso e as pessoas não perceberam. Esse processo acelerou na pandemia e o tipo de gestão passa de mecânica para orgânica. E, nós mulheres, somos muito preparadas para as empresas orgânicas porque seguimos a intuição, fazemos as coisas para já e dez coisas ao mesmo tempo”, afirmou.
Enquanto conversava com Flávia Lima, líder de ESG do Banco Master e presidente do Instituto Terra Firme, Luiza era ouvida por 900 mulheres colaboradoras da instituição financeira e da entidade que marcaram presença no Fiesta Convention Center, no bairro da Pituba. Ciente de que era vista como uma inspiração, a empresária também citou sua própria trajetória como exemplo de liderança feminina em uma época ainda mais difícil para aquisição de cargos de poder para mulheres.
Luiza Helena Trajano reconheceu que sua inserção no empreendedorismo foi facilitada pelo pontapé inicial dado pela sua tia Luiza Trajano Donato, falecida no último dia 12 de fevereiro, que fundou o Magazine Luiza em 1957 para ser uma loja de presentes. Contudo, ela ressaltou que o caminho trilhado por ela foi fundamental para que fosse eleita, em 2021, como uma das mulheres mais influentes do mundo pela revista britânica ‘Financial Times’. Antes de ser empresária, ela foi vendedora, gerente de loja, encarregada e compradora até receber, em 1991, o chamado para ser líder da empresa.
Como era esperado ainda naquela época, sua gestão não ocorreu sem entraves. Ela conta que inúmeras vezes já foi a única mulher em reuniões de negócios. “Eu participei de vários conselhos onde eu era a única mulher e sempre vi como a força feminina equilibra com a masculina. Estamos lutando para equilibrar essa força para o bem do mundo. A guerra nunca teria cara de mulher. Se tivesse mais mulheres na política com poder, eu garanto que junto com os homens já teríamos entrado em acordo com muita coisa. A luta do Grupo Mulheres do Brasil é para que possamos equilibrar as forças”, reiterou.
Além disso, é também meta do grupo engajar na busca pelo equilíbrio na atuação de mulheres e homens no mercado de trabalho. Isso ocorre com o propósito de reverter o atual cenário brasileiro, que tem apenas 44% das mulheres atuando, mesmo que a população feminina corresponda a 51,5% do total, de acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contudo, Luiza acredita que não basta apenas a oportunidade de trabalho para essas mulheres, mas também a qualidade de vida.
“As pessoas querem qualidade de vida. Elas querem ganhar, ter poder e colocar o filho para estudar em uma escola boa. O ESG mudou muito esse cenário e nasceu do mercado financeiro. Quando eu entrei na Bolsa, falava que éramos a favor da diversidade e eles até me escutavam, mas isso não dava dinheiro. Hoje, sou convidada para falar sobre tudo isso na Bolsa. Chegou o nosso momento”, afirmou.