Nome central no esquema de segurança no período de Dilma Rousseff na Presidência, o general de quatro estrelas Marco Antonio Amaro dos Santos volta ao Palácio do Planalto com a missão de retomar a credibilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após meses atribulados na sequência dos ataques de 8 de janeiro, conforme matéria de Geralda Doca e Paula Ferreira, do O Globo.
Segundo fontes militares deles, a indicação do general para comandar o GSI agradou a cúpula do Exército. Embora não haja garantia de que sua ida para o posto consiga apaziguar totalmente os ânimos, um oficial de alta patente afirmou ao jornal, que a experiência de Amaro é vista com bons olhos na caserna. De acordo com um amigo do oficial, o novo ministro é afeito ao diálogo, mas foge de holofotes, preferindo atuar nos bastidores.
Após a demissão do general Gonçalves Dias, conhecido como a “sombra de Lula”, agora a “sombra de Dilma” assumirá o cargo. Durante os cinco anos à frente da segurança da então presidente, Amaro era visto sempre ao lado da petista durante seus passeios de bicicleta por Brasília, viagens e agendas. Nesse período, o general ocupou os cargos de Secretário de Segurança da Presidência da República e, depois, chefe da Casa Militar, cargo no qual exercia as atribuições que hoje estão com o GSI.
No topo da carreira, Amaro está na reserva do Exército desde janeiro, depois de atuar como assessor estratégico da Presidência por cerca de oito meses ainda durante o governo de Jair Bolsonaro. O general tem ampla experiência na caserna e atuou como chefe do Estado-maior e comandante militar do Sudeste. O oficial também já foi secretário de Economia e Finanças do Exército.
Em conversas com colegas, o general defende que o GSI seja responsável pela segurança do presidente, que hoje está sob comando da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República — um delegado da Polícia Federal responde pelo cargo. A proteção de Lula saiu da alçada do GSI por conta das suspeitas que pairam sobre os militares devido à bolsonarização do órgão. Para concretizar seu desejo, Amaro terá de reconquistar a confiança do chefe do Executivo e reverter o esvaziamento do GSI.
O órgão se tornou ainda mais frágil após os atentados de 8 de janeiro, quando oficiais do gabinete não foram capazes de impedir a invasão de golpistas no Palácio do Planalto. A saída de Gonçalves Dias ocorreu após a divulgação de imagens em que aparece interagindo com golpistas durante a invasão ao Palácio do Planalto. O posto foi ocupado interinamente por Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, que promoveu uma leva de exoneração de servidores.
A carreira de Amaro no Exército começou cedo, em 1974, quando entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, onde se formou antes de seguir para a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Na Aman, o general foi da mesma turma de aspirantes do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, que esteve à frente da pasta durante o período eleitoral, quando Bolsonaro tensionou ainda mais a relação com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ambos ingressaram na Academia em 1977. No ano passado, os dois compareceram a um encontro de turma em Resende, onde fica a Aman. No Exército, Amaro é reconhecido por ser “01 de turma” por ter alcançado a melhor pontuação entre os colegas que ingressaram na Força na mesma data.
Além da formação militar, o general Amaro também se especializou em Excelência Gerencial com ênfase em Gestão Pública pela FAAP e fez MBA Executivo em Administração pela FGV. Nascido na cidade de Motuca, em São Paulo, Amaro tem 65 anos e tem dois filhos, que também são oficiais do Exército.